As manifestações pós-eleitorais em Moçambique, que culminaram na paralisação da actividade económica, levantam um alerta vermelho para a economia do País. Com a instabilidade actual e a greves em curso, criam-se condições propícias para um aumento acentuado da inflação, que pode sufocar ainda mais os moçambicanos, já fragilizados por uma economia que depende fortemente de importações.
A situação é crítica. Com a crescente incerteza e a falta de segurança, poucos empresários se atreverão a trazer produtos essenciais de fora. É uma realidade que se agrava, uma vez que a maioria das famílias moçambicanas depende de alimentos e bens de primeira necessidade que, em grande parte, são importados. A ausência desses produtos nos mercados resultará em desabastecimento, o que, por sua vez, levará à escassez e ao aumento vertiginoso dos preços. O cenário, que já é preocupante, pode rapidamente transformar-se em uma crise humanitária, onde os mais vulneráveis serão os mais afectados.
Além disso, a paralisação da economia não só impacta o mercado interno, mas também afugenta potenciais investidores externos. O receio de uma instabilidade prolongada leva a uma retracção dos investimentos, agravando ainda mais a já profunda crise de divisas que o País enfrenta. A dependência de importações e a incapacidade de gerar receitas suficientes para sustentar a economia criam um ciclo vicioso que, se não for interrompido, pode ter consequências devastadoras para a população.
Neste contexto, é urgente que haja concessões e diálogos construtivos entre Venâncio Mondlane, o partido Podemos e o Governo da Frelimo. Ignorar a necessidade de uma solução pacífica e negociada para as tensões políticas que se avolumam pode ter um custo demasiado elevado, não só em termos económicos, mas também em termos sociais e humanitários. É imperativo que ambas as partes coloquem os interesses dos moçambicanos em primeiro lugar, buscando um caminho que promova a estabilidade, a paz e a recuperação económica.
Em suma, a inflação nos espera, e o tempo para agir é agora. O futuro de Moçambique depende da capacidade de todos os actores políticos de se unirem em prol do bem-estar da população, estabelecendo um diálogo que conduza a uma solução duradoura para as dificuldades que enfrentamos. A responsabilidade social e política deve prevalecer sobre os interesses individuais, pois, em última análise, é o povo que suporta as consequências das decisões tomadas hoje.