A Empresa Moçambicana de Seguros (EMOSE) anunciou que os prejuízos materiais resultantes das manifestações violentas que eclodiram após as eleições de 2024 não estão abrangidos pelas apólices de seguro convencionais, salvo em casos excepcionais.
A informação foi avançada pelo Presidente do Conselho de Administração (PCA) da EMOSE, Janfar Abdulai, durante um encontro com a imprensa após a cerimónia de abertura da 39.ª Reunião Nacional de Gestores e Quadros (RNGQ), que teve início nesta segunda-feira, 17 de Fevereiro, na cidade de Maputo.
“À luz das nossas apólices, os prejuízos decorrentes de manifestações de natureza política não estão cobertos. Contudo, algumas instituições contrataram coberturas específicas para esses eventos, o que lhes garante protecção. Mas, de forma geral, este tipo de dano não é passível de indemnização”, explicou Abdulai.
Os protestos violentos, desencadeados após a divulgação dos resultados eleitorais de 9 de Outubro de 2024, foram convocados pelo ex-candidato Venâncio Mondlane, em contestação à vitória de Daniel Chapo, recentemente empossado como o 5.º Presidente da República.
As manifestações, apelidadas de “fase turbo V8”, provocaram destruição em larga escala, atingindo instituições e infra-estruturas públicas e privadas. Foram vandalizados postos policiais, hospitais, ambulâncias, escolas, creches, mercados, lojas, supermercados, bancos, viaturas particulares, portagens e até sistemas de abastecimento de água.
Prejuízos elevados para o sector público e privado
Dados oficiais indicam que os danos causaram um prejuízo de 200 milhões de meticais à empresa Águas da Região de Maputo, 30 milhões de meticais à Empresa Municipal de Transportes Rodoviários de Maputo, enquanto mais de 40 armazéns foram saqueados e destruídos, resultando numa escassez de produtos alimentares, especialmente arroz, nas províncias do sul do país.
No total, o sector privado registou perdas estimadas em 24,8 mil milhões de meticais. Apesar da exclusão da cobertura, Abdulai revelou que alguns clientes, incluindo uma instituição bancária, já submeteram pedidos de indemnização.
Apesar dos desafios enfrentados, o PCA da EMOSE fez um balanço positivo do exercício de 2024, destacando a distribuição de dividendos ao Estado no montante de 42 milhões de meticais (equivalentes a 657 mil dólares, à taxa de câmbio corrente).
“Em 2024, conseguimos distribuir dividendos, o que é um marco importante para a empresa, pois, durante algum tempo, isso não foi possível. Agora, com resultados técnicos positivos, a EMOSE está novamente a cumprir este compromisso”, afirmou Abdulai.
O responsável assegurou ainda que o processo de digitalização da seguradora se encontra na fase final, permitindo que a empresa disponibilize novos produtos e serviços digitais.
“Iniciámos a digitalização há cerca de dois anos e o processo decorre normalmente. Neste momento, já temos alguns serviços digitalizados e esperamos concluir esta transformação até ao final do ano”, concluiu.
Segundo Abdulai, estas iniciativas são fundamentais para fortalecer a competitividade da EMOSE e posicioná-la de forma sustentável perante os desafios futuros.