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Epístola aos idólatras de Venâncio Mondlane

Por Xavier Uamba

O povo moçambicano não aprende. Não é a primeira vez que líderes de alguns partidos ficam no centro das atenções. No pretérito perfeito, tivemos o caso de Afonso Dhlakama, que foi durante muito tempo idolatrado pelos seus apoiantes, para além do caso do também falecido Daviz Simango. O triste é que esses líderes, que inspiravam massas, não prepararam o celeiro da casa para a posterioridade, para depois das suas lideranças, tal como tem sido o apanágio da cinquentenária FRELIMO. Morreram com o seu legado, sem o passar para as gerações vindouras.

Hoje, repete-se a história. Por aquilo que vivenciei, não restam dúvidas de que idolatrar políticos cria espaço para colher desgraças, tal como as semeia, gerando cegueira e amnésia intelectual em alguns cidadãos que seguem piamente tais convicções.

Estes factos não vêm ao acaso. Na verdade, levamos tempo a seguir pessoas, em vez de criarmos estruturas políticas fortes que possam dar vazão e continuidade às ideias dos que pereceram e até, porque não, produzir líderes ainda mais fortes.

Os apoiantes de Venâncio Mondlane estão a idolatrá-lo cegamente, como se de um ser especial e divino se tratasse. Este fanatismo, que invadiu os apoiantes de Venâncio, mostra claramente que os programas e as bandeiras partidárias por onde ele anda são meras fraldas descartáveis.

Todos os seus apoiantes, em vez de ajudarem o seu líder a promover o seu pensamento político, cedem lugar à adoração e à reverência, cultuando o seu senhor. Ou melhor, os leigos apoiantes de Venâncio Mondlane transformaram-se em indivíduos abnegados, desprovidos de espírito crítico e de freios morais. Ao acreditarem na infalibilidade de Venâncio, tornaram-se, simplesmente, fundamentalistas.

Quando um grupo de pessoas adere ao infantilismo e passa a encarar o seu candidato como uma figura paterna, extravasa a dimensão de respeito pelo candidato e transforma-se num idólatra do pai, que também não pretende governar, mas “cuidar” da sua prole ao lado da “mãe do povo”. É a demagogia levada ao máximo. O populismo puro! Quando se chega a este estágio decadente, a pátria já não tem muito de que se orgulhar.

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