Nas últimas semanas, o País tem assistido a uma luta desenfreada entre diferentes partidos rumo à presidência das autarquias. O partido Frelimo está muito perto de confirmar uma vitória estrondosa, abocanhando 64 dos 65 municípios nacionais. Para tal, só falta o aval do Conselho Constitucional. Por outro lado, o processo eleitoral ora em curso marcou uma divisão de água no seio da classe artística e do showbiz, no geral, com alguns a serem rotulados como heróis e outros como vilões. Tudo depende das escolhas partidárias.
O processo eleitoral de 2023 tem-se mostrado digitalizado que as outras eleições realizadas em Moçambique, facto esse que se explica pela aposta dos partidos políticos nas redes sociais e igualmente pela cada vez mais elevada participação dos artistas e influenciadores digitais neste processo, quer seja por convicção, quer seja por negócio.
Independentemente da razão que os move, a verdade é que estes actores sociais sofrem consequências das suas escolhas, e a sentença é ditada pelo público. Foi assim desde o início da campanha eleitoral, quando os influenciadores começaram a assumir as suas posições. Com efeito, os que se alinharam à Frelimo viram o carinho do povo esvaecer-se, porquanto tal atitude foi considerada uma punhalada pelas costas.
Enfurecido, o povo (internautas) tem vindo a impor uma série de sanções a alguns destes profissionais, que são tidos como egoístas e insensíveis à dor do povo. Uma das mais criticadas e sancionadas pelo povo é a apresentadora Boneca Barbie, que viu piorar a sua situação quando chamou o jornalista Clemente Carlos, por sinal seu colega de trabalho na TV Sucesso, de “biscateiro”.
No entanto, ambos já enterraram o machado da guerra e fizeram questão de deixar isso claro numa aparição no programa Batidas, conduzido pelo Puto Aires, na mesma estação televisiva.
Para os internautas, é repugnante que, mesmo fazendo parte da população moçambicana, os artistas não apoiem as causas do povo, o mesmo que torna possível o alcance de números astronómicos nas redes sociais, permitindo, desta forma, que os mesmos assinem contractos de parceria com diversas empresas e marcas.
Os “divos” do povo
Onde há vilões também há heróis ou, se quisermos, “divos”, na linguagem dos internautas. Enquanto os influenciadores e artistas apoiantes da Frelimo são vilipendiados e cancelados, os artistas que se aliaram à RENAMO são aclamados e tomam banho de elogios por terem adoptado um posicionamento classificado como “correcto e justo”.
São os casos de Válter Artístico, Sidof Davi, Classic Nova, MC Amaral (Trufafa) e do rapper Nikotina KF, entre outros. Estes têm recebido apoio incondicional e estão blindados até de picardias dos próprios colegas. Foi o que se viu quando Edu All Tallents lançou farpas contra o grupo Classic Nova, que declarou apoio à Renamo. O criador de conteúdos não só sofreu uma sangria em termos de seguidores, como foi obrigado a ler comentários nada agradáveis.
“Rendi, desculpa”, penitenciou-se o criador de conteúdos, antes de confessar que, afinal, gosta das músicas da Classic Nova.