A Administração Nacional de Estradas (ANE) está, há um tempo a esta parte, a desenvolver trabalhos intensivos de reabilitação de troços complexos ao longo da Estrada Nacional Número 1 (N1), a principal via da rede viária nacional, ligando Moçambique de Maputo a Cabo Delgado. A intervenção na famosa “espinha dorsal”, que abrange diversas secções, já está a provocar efeitos positivos na transitabilidade e fluidez do trânsito, contribuindo desta forma para o melhoramento da economia nacional, assim como para a satisfação dos automobilistas.
Texto: Serôdio Towo
Fotos: Hélio de Carlos
A equipa de reportagem do Dossier Económico percorreu recentemente o troço Quelimane-Maputo, um percurso de mais de 1500 km, com o objectivo de acompanhar a real situação da N1, tendo visitado várias fracções que se encontram em fase de reabilitação. Na presente edição, destacamos parte dos trabalhos em curso a nível da província de Sofala, concretamente na secção de Ndoro, uma das quatro do troço Caia-Inchope, que tem uma extensão de aproximadamente 320 kms.
Sob égide de um empreiteiro ora conceccionado, a secção de Ndoro está a testemunhar obras de revestimento, segundo deu a conhecer o delegado provincial da ANE em Sofala, Egídio Morais.
“Já foram realizados os cortes da sub- -base antiga, a escarificação e reciclagem dos materiais, formando uma nova base. Estamos actualmente na fase de revestimento e, ao concluir este processo, continuaremos a melhorar as diferentes secções deste troço”, detalhou.
Os resultados das intervenções da ANE já são visíveis nas secções trabalhadas, onde a eliminação das poças e grandes buracos tornou a transitabilidade bem mais fluída. “Nas secções onde já intervimos, a transitabilidade voltou à normalidade e cada dia que passa estamos a melhorar ainda mais”, congratulou-se Morais, sublinhando que “não podemos parar de trabalhar”.
Reabilitação em Sofala e planos futuros
Além das obras no troço Caia-Inchope, a ANE está a levar a cabo obras de reabilitação de vários outros troços na província de Sofala, incluindo Inchope-Casa Nova e Casa Nova-Save. Diversos empreiteiros estão envolvidos nos trabalhos, garantindo uma cobertura que nenhum troço crítico fique de fora nesta província.
À nossa equipa de reportagem, o delegado provincial da ANE revelou ainda que a instituição tutelada pelo Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos (MOPHRH) está comprometida em resolver as dificuldades de transitabilidade sem esperar pelos grandes projectos.
“Nós não estamos a olhar só para a grande reabilitação que se pretende fazer. Como província e sector, olhamos para as dificuldades de transitabilidade que existem e estamos a resolver os problemas de forma imediata,” afirmou o responsável, destacando que, apesar de a reabilitação definitiva ter o seu início previsto para o mês de Setembro, suportada por fundos a serem desembolsados pelo Banco Mundial, as intervenções de emergência não podem esperar mais.
A urgência é tanta que nem mesmo na época chuvosa e ciclónica (conhecida por importunar o decurso normal das actividades) os trabalhos irão parar. “No passado, a nossa estratégia foi de manter os empreiteiros a trabalhar mesmo no período chuvoso, e essa será a nossa tónica permanente. Acreditamos que todos os actores envolvidos nestas actividades já sabem o que que remos e onde estamos a ir”, vincou.
A reabilitação da N1 é tida como um passo crucial para o desenvolvimento infra- -estrutural de Moçambique, assegurando uma ligação eficiente entre o Sul e o Norte do País, promovendo, desta feita, o crescimento económico e social.
Viagens duram menos tempo e são mais seguras
A reabilitação da N1, ora em curso, tem gerado satisfação entre os automobilistas. Valente Marcos Duvane, um motorista que frequentemente viaja da Beira a Nampula, compartilhou suas impressões sobre as condições da estrada após as recentes obras de melhoria.
Ouvido pela nossa reportagem na manha desta 5 feira (11 de Julho), na Vila Municipal de Gorongosa, Duvane destacou que, embora ainda haja trabalho a ser feito, já é possível notar melhorias significativas em certos trechos da estrada. “Sendo a segunda vez que faço a viagem para lá, percebi que em alguns lugares a estrada está melhorada”, assinalou.
A fonte observou, no entanto, que a secção Inchope – Gorongosa ainda não está em condições ideais, mas reconhece que os buracos que antes dificultavam a viagem foram sanados.
Além das melhorias no asfalto, Duvane salientou que a reabilitação da N1 também está a contribuir para a redução do tempo de viagem e aumento da segurança. “Antes levávamos muito tempo para chegar aqui, mas agora em uma hora e meia ou uma hora já estamos lá. Antes sofríamos roubos, mas agora está melhor”.
Apelos a continuidade
Embora satisfeito com os avanços registados até agora, Duvane ressalta a necessidade de garantir a continuidade dos esforços de reabilitação para proporcionar uma pista em perfeitas condições.
Mensagem similar foi transmitida por Asrmir Fernando, que habitualmente viaja, à trabalho, de Beira à Nampula e vice-versa: “em jeito de recomendação, queria pedir que o Governo continue a reparar mais troços mais à frente. Que continue a trabalhar como tem estado a fazer”, apelou o camionista. Acompanhe o desenvolvimento desta longa reportagem nas nossas próximas edições.
Texto extraído na edição 123 do Jornal Dossier económico