Num momento em que não está claro para o consumidor o motivo do recente aumento nos custos de internet, chamadas e SMS, os clientes das operadoras de telefonia móvel nacionais na cidade de Chimoio, especialmente os estudantes, expressam sua frustração com as mudanças actuais, entendendo que impactam negativamente na vida estudantil.
Texto: António Cumbane, Chimoio
Tudo indica que, tanto a aquisição de megabytes quanto a comparação entre os custos actuais e anteriores, estão confusos, de acordo com nossas fontes, mas o que se sabe é que houve um aumento assustador.
“Antes, com seis meticais, eu tinha uma hora para navegar e fazer pesquisas, mas agora não posso dizer o mesmo. A explicação do Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique (INCM) continua sendo pouco clara sobre os modelos e as fórmulas usadas para esses aumentos. Estamos a ter problemas com a internet para fazer pesquisas”, lamentou um estudante que preferiu não ser identificado.
Allan Victor, estudante finalista do curso de Jornalismo na Escola Superior de Jornalismo (ESJ), delegação académica de Manica, disse que o aumento das tarifas prejudicou ainda mais os alunos. “No pacote ilimitado, por exemplo, tínhamos até aulas via WhatsApp e agora, com as mesmas taxas, praticamente não conseguimos fazer nada”, lamentou.
Tungandango Alfanete, também estudante finalista de Jornalismo na ESJ, entende que as actuais mudanças não são bem- -vindas, pelo menos para os estudantes do ensino superior e médio, cujo estudo requer alguma pesquisa. “Antigamente, com dez meticais, podíamos navegar à vontade. Agora, tudo está confuso e caro. Pedimos àqueles responsáveis que intervenham nesta situação”, lamentou.
O apelo também vem dos institutos médios politécnicos e do ensino à distância, onde a maioria das aulas é virtual. “Lamentavelmente, até hoje, o INCM ainda não nos disse nada que nos convencesse, ou talvez, sejamos ignorantes demais para entender. A pergunta é simples: o que aconteceu e quais foram as alterações aplicadas ao sistema que nos causaram prejuízos?”, questionou Azarias Mulinga, estudante de ensino à distância na Universidade Católica de Moçambique .
Na verdade, outra preocupação apresentada pelos nossos entrevistados é o facto de as próprias operadoras não terem explicado aos seus clientes as razões das medidas actuais. “O INCM, sendo a entidade reguladora, não deveria se envolver. Deveria regular e depois instruir as operadoras o seguinte: ‘meus senhores, cabe a cada um de vocês explicar aos seus clientes o que aconteceu na prática com os pacotes, especialmente os ilimitados, e outros'”, sustentou Mulinga.
Em Maputo, estudantes dizem que INCM saiu dos “trilhos”
O INCM está a sair do seu “trilho”, que é de garantir que as tarifas sejam acessíveis, justas, razoáveis e não discriminatórias. Quem assim o diz é a União Nacional de Estudantes (UNE), que, ao lado da Associação dos Estudantes Finalistas Universitários de Moçambique, submeteu no dia 08 de Maio, ao INCM, o seu posicionamento perante as novas tarifas de telecomunicações.
“As tarifas apresentadas pelos operadores de telefonia móvel não reflectem estes objectivos [promoção de tarifas justas], pelo que são desajustadas da realidade económica do País”, lê se no documento.
As duas associações vão mais longe, afirmando que as novas tarifas sequer estão alinhadas aos objectivos do Governo, de expandir o acesso às tecnologias de informação e comunicação e o acesso universal da internet