Companheiros!!!
Passaram-se cerca de 24 horas desde que recebemos a triste e dura notícia do macabro assassinato de dois compatriotas nossos — dois pais, irmãos, filhos, amigos, vizinhos, companheiros de muitos de nós. Dois jovens com muita vida pela frente, dois seres humanos, acima de tudo.
Não acreditei. Senti-me assustado, revoltado. Senti-me desprezível no meio em que vivo, num ambiente que não imagino, que não sonho para os meus filhos.
Ao receber essa notícia, senti-me invadido, destruído, perdido.
Não consigo encontrar respostas para o que aconteceu. Não existe justificação possível.
O que aconteceu ultrapassa qualquer razoabilidade. Não se trata de diferenças políticas, desavenças passionais ou qualquer outra tentativa de justificação. Trata-se de um ataque à nossa essência enquanto seres humanos, de um ataque ao nosso sonho de viver seguros.
Episódios desse género devem parar. Não podemos ficar a olhar, nem simplesmente calar-nos e achar que é normal.
Hoje foram Elvino Dias e Paulo Guambe. Amanhã poderá ser qualquer um de nós. Quem fez isso começará a acreditar que pode resolver os seus problemas e diferendos dessa forma. Não, de forma alguma!
Hoje, esses estúpidos, esses sacanas que cometeram esse acto podem estar por aí, a influenciar a sociedade a resolver as coisas de maneira violenta, a alterar profundamente o sonho de um Moçambique seguro para todos. Os nossos filhos estão a assistir a isso. O que lhes diremos? O que diremos se nos mantivermos calados?
Não me vou calar. Vou juntar-me aos que exigem a identificação e o esclarecimento do que aconteceu. Vou juntar-me aos que repudiam com todas as forças. Vou juntar-me a dizer não, independentemente da causa, porque isso não é aceitável.
Não vou reduzir este assunto a nenhuma questão política. Recuso-me a tratá-lo como assunto de alguns, porque é de todos nós.
Eu continuo a acreditar nas instituições e espero que haja uma resposta como país contra esses sacanas e estúpidos.
Hoje vou-me juntar aos que pedem que os responsáveis pela investigação sejam sérios e comprometidos com o País. Não me vou deixar instrumentalizar com respostas banais que não constroem o Moçambique que desejo para nós, para os meus filhos, para os filhos deste País.
A única forma de olharmos para o futuro que sonhamos é esclarecer este caso cabalmente, sem margem para dúvidas.
Expresso às famílias a minha solidariedade e encorajo a polícia a fazer o seu trabalho ao nível que esperamos, com compromisso, sem devaneios políticos ou partidários. Não vou inclinar a minha análise para preconceitos. Vou, sim, exigir que este assunto não seja tratado de ânimo leve.
Que não se escondam em agendas partidárias, passionais ou qualquer outro tipo de desavenças. Que haja verdade e justiça acima de tudo!
Não me vou deixar manipular e transformar este assunto numa agenda política. Para mim, o que está em causa é a nossa vida, a nossa dignidade, o nosso direito de viver em segurança e de manter o nosso sonho de um Moçambique melhor.
Como membro do partido que governa este País, sinto uma responsabilidade acrescida de, com serenidade, exigir e apoiar as nossas instituições para que consigam esclarecer e assegurar que haja justiça!
Eu confio neste País, confio na nossa convicção, confio na nossa determinação em ter um País de humanos, acima de tudo!
Haja justiça!!!
Gondola