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INGD insta famílias a apostarem em culturas resilientes face ao El Niño

Os dias que se aproximam podem ser muito mais difíceis para algumas famílias, sobretudo as que vivem nos distritos vulneráveis à seca nas províncias de Maputo, Gaza e Inhambane. Por isso, como forma de controlar o fenómeno e evitar casos mais alarmantes, o Instituto Nacional de Gestão e Redução de Risco de Desastres (INGD) está a implementar, junto das comunidades afectadas, um projecto de produção de culturas resilientes ao fenómeno El Niño.

Texto: Anastácio Chirrute, em Inhambane

Trata-se de uma iniciativa que abrange apenas as províncias da região sul do país e, concretamente, os distritos semiáridos, ou seja, afectados pela seca severa, um fenómeno causado pela falta de chuva. Esta iniciativa é levada a cabo pelo Instituto Nacional de Gestão e Redução de Risco de Desastres (INGD).

Segundo o delegado regional sul do INGD, Cândido Mapute, este tipo de iniciativa é uma mais-valia, pois ajudará a reduzir o nível de dependência em que muitas famílias estavam sujeitas, dando-lhes a oportunidade de produzir culturas resilientes às mudanças climáticas.

“São iniciativas que vêm para combater os efeitos do El Niño, cujos efeitos se traduzem em estiagem, sobretudo nesses distritos semiáridos das províncias de Inhambane, Gaza e Maputo Província”, explicou. Acrescentou: “Nós achamos que a dependência de uma única fonte de renda para as famílias, neste caso a agricultura, é uma questão um pouco remota. Olhando para a diversificação de meios de sobrevivência, achamos que a agricultura é uma actividade que as famílias devem praticar, mas apostando na diversificação de meios de subsistência, estaremos a dar opções para as famílias enfrentarem a estiagem.”

Na verdade, estas são acções antecipadas que estão a ser levadas a cabo pelo INGD para evitar que as famílias sejam apanhadas desprevenidas e, consequentemente, morram de fome.

“Com a iniciativa de lançamento de acções antecipadas à seca nos distritos semiáridos, e conhecendo os accionadores, achamos que também é uma mais-valia para essas famílias, porque as acções antecipadas encontram as famílias já preparadas em termos de stock alimentar e meios de vida, para que os efeitos do El Niño não sejam visíveis a nível desses distritos semiáridos.”

Para o INGD, a seca que se faz sentir, segundo o INAM, é a mesma que foi vista há 40 anos, o que confirma que o país está perante uma seca severa. “Mas, por causa desta iniciativa que temos levado a cabo, as populações não têm sofrido tanto, embora haja alguns pontos em que precisamos reforçar essas medidas. Na maior parte daquilo que achávamos preocupante, estamos a conseguir controlar.”

Mapute acrescentou ainda que há certas partes dos distritos da província de Gaza, concretamente em Mapai, onde as populações começam a clamar pela falta de água. Como resposta, o INGD procedeu com a abertura de pequenos furos de água e alguns reservatórios escavados. Embora alguns reservatórios ainda não tenham conseguido captar água, com a chegada da época chuvosa terão água suficiente para o consumo tanto das famílias como também para o gado.

“Estamos a sensibilizar as comunidades para cultivarem culturas tolerantes à seca, utilizando sementes locais com um germoplasma resiliente às alterações climáticas. O que nós queremos dar como passo subsequente para o sector da agricultura é melhorar a qualidade destas sementes locais, para termos uma cultura ou planta que resista à seca, mas também que tenha maior produtividade. Numa área pequena, teremos muita produção.”

“O El Niño é um fenómeno natural caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico na sua porção equatorial. Ele ocorre em intervalos irregulares de cinco a sete anos e tem uma duração média que varia entre um ano e um ano e meio, com início nos últimos meses do ano.”

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