O Gabinete provincial do Combate a Corrupção na província de Inhambane iniciou recentemente investigações a alguns funcionários afectos ao Gabinete Provincial do Combate à Droga. Entre os investigados, está incluso o respectivo director, Calisto Tomo, por supostamente estar envolvido em crimes de desvio de dinheiro, uso indevido dos bens do Estado e abuso de cargo e funções.
O facto foi confirmado pelo porta-voz do Gabinete do Combate à Corrupção, que preferiu não entrar em detalhes, por considerar ser um processo que ainda está numa fase de instrução.
Trata-se de um processo que deu entrada no Gabinete do Combate a Corrupção no dia 9 de Junho de 2021, após a Inspecção Administrativa da Secretaria Provincial em Inhambane ter constatado o desvio de somas de dinheiro não especificadas dos cofres da Direcção Provincial de Combate à corrupção.
Para além do director provincial, Calisto Tomo, está envolvido no esquema Recelda Guambe, gestora de contabilidade na mesma instituição. Recelda Guambe é, por sinal, esposa de Tomo.
Fontes seguras, por sinal próximas à direcção daquela instituição, revelam que desde que Calisto Tomo e sua esposa assumiram a gestão daquela instituição, o ambiente de trabalho nunca foi agradável para os funcionários. Afirmam que o casal transformou aquela instituição numa “coisa privada”, razão pela qual tem protagonizado actos de desmandos e ameaças.
“Desde que o senhor Tomo chegou àquela instituição, na década de 90, o ambiente de trabalho nunca foi bom. Ele faz e desfaz, e até grita em tom bem alto que aqui ninguém lhe vai tirar porque ainda não nasceu uma pessoa que lhe pode substituir do cargo”, contou uma fonte, em anonimato.
Outro funcionário denuncia frequentes saídas da nstituição, na hora de expediente e com recurso a viatura protocolar, para a gestão de negócios pessoais, ligados ao transporte de mercadoria, no caso de carvão e madeira.
“Ele, como director, tem direito a uma viatura, mas para usar para fins de trabalho, o que acontece é ao contrário. Ele usa para outros assuntos, tem ido com o carro aos distritos carregar madeira para vender e beneficiar a ele e sua família. O combustível é da instituição e quando a viatura avaria tem que sacar dinheiro da instituição para mandar reparar, mesmo sabendo que foi ele quem estragou quando fazia seus negócios”, frisou a fonte.
Funcionários em audição e Tomo afastado
Tal como fizemos referência logo no inicio, o Gabinete do Combate a Corrupção na província de Inhambane iniciou com as audições de todos os funcionários do Gabinete Provincial de Combate à Droga, com objectivo de conseguir mais elementos com vista a produção de provas para posterior acusação.
“Fomos notificados todos nós para sermos ouvidos pelo Gabinete do Combate a Corrupção, fomos depor contra o nosso director, porque tudo que queremos é que a justiça seja feita e se devolva o bom nome da instituição”, referiu uma fonte que não quis ser identificada.
Informações na posse do Dosiers & Factos indicam que Calisto Tomo já não é director Provincial do Gabinete Provincial do Combate a Droga. O mesmo foi exonerado numa altura em que decorrem as audições dos funcionários com os quais partilhou por muitos anos o mesmo espaço.
Outro dado é que ninguém sabe dizer ao certo se a queda do director tem que ver com os escândalos em que esteve envolvido ou não, o certo é que a notícia alegrou os funcionários que há anos estavam à espera por deste momento.
Importa referir que, caso se prove que Calisto Tomo está envolvido nos crimes que é suspeito de pratica, poderá ser preso e convocado a indemnizar o Estado.
