Um grupo de jovens portando uma arma de fogo do tipo AK-47, ameaçou na tarde desta quinta-feira (05) funcionários públicos em plena via pública, na Matola, provocando tumultos entre os ocupantes de uma ambulância do Hospital Psiquiátrico do Infulene (HPI), localizado na cidade de Maputo.
O incidente ocorreu na Avenida 04 de Outubro, bairro de Khongolote, cidade da Matola, província de Maputo, quando uma ambulância da marca Toyota Hiace foi interceptada pelo grupo. Os jovens, armados com uma AK-47 e um bastão policial, forçaram a entrada na viatura.
Dentro do veículo, os assaltantes ordenaram que os quatro ocupantes, incluindo o motorista, entregassem os seus pertences pessoais. “Exigiram que entregássemos os telemóveis, mas, durante a acção, um dos jovens sugeriu ao comparsa que nos deixasse com os aparelhos porque éramos médicos e tratávamos de doentes e de manifestantes”, contou Américo, funcionário do HPI, em contacto telefónico com o Dossiers & Factos.
Segundo Américo, os jovens, cerca de 40 ao todo, tinham um aspecto identificado como de “molwenes” e vinham da zona do mercado grossista do Zimpeto. “Estavam encapuzados e falavam em changana (idioma predominante no sul do País), por isso não deu para reconhecer ninguém”, acrescentou, ainda atónito com o episódio.
Após o frustrado assalto, os ocupantes da ambulância apelaram por ajuda policial, mas admitiram que, devido à crise pós-eleitoral nas cidades moçambicanas, já não esperavam qualquer tipo de assistência. “Sabíamos que ninguém viria para nos socorrer ou escoltar”, lamentou Américo.
Lembre-se que, recentemente, manifestantes apoderaram-se de uma AK47 num posto policial próximo ao mercado do Zimpeto. A arma foi recuperada pelas autoridades algumas horas depois.
As manifestações, convocadas por Venâncio Mondlane, candidato presidencial apoiado pelo Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), têm como objectivo contestar os resultados do apuramento central das VII eleições presidenciais e legislativas, bem como das IV eleições para assembleias provinciais e governador de província, realizadas a 9 de outubro último.
Segundo a Comissão Nacional de Eleições (CNE), a Frelimo e o seu candidato presidencial, Daniel Chapo, são os vencedores do pleito. Os resultados aguardam agora a promulgação pelo Conselho Constitucional, órgão de última instância em matéria jurídico-constitucional e contencioso eleitoral.
As manifestações já resultaram em cerca de dez mortes e centenas de feridos, entre graves e ligeiros.
NB: A imagem que acompanha a matéria é apenas ilustrativa, e foi captada na semana passada, no Zimpeto.
