O ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, destacou a necessidade urgente de rever o método de cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) para incluir os grandes recursos naturais de África. A declaração foi feita nesta sexta-feira, 31 de Maio, em Nairóbi, durante um painel de discussão no encontro anual do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
Magala argumentou que o actual método de cálculo do PIB não reflecte adequadamente a realidade africana, pois omite significativos capitais naturais como florestas, rios e fauna. “A forma actual de cálculo ignora esses recursos importantes,” afirmou o ministro em entrevista à Lusa após sua participação no painel sobre recursos naturais e produtividade africana.
Ele explicou que a definição tradicional do PIB considera apenas os produtos manufacturados e vendidos, deixando de fora os recursos naturais que deveriam ser contabilizados desde o início. “Estamos em uma fase crítica da existência humana, onde todos precisamos abraçar a causa das mudanças climáticas e suas adversidades,” ressaltou Magala, que representava o Chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, no encontro do BAD.
O ministro enfatizou que Moçambique possui uma riqueza natural muito maior do que a reflectida pelo PIB actual. “É necessário reavaliar e actualizar a forma como o PIB é medido para incluir esses recursos naturais, o que traria benefícios e responsabilidades para países como Moçambique,” disse ele, destacando as vastas reservas de gás natural do país.
Magala alertou que, sem considerar os recursos naturais no cálculo do PIB, corremos o risco de comprometer o futuro. “Um crescimento que ignora a sustentabilidade pode ser prejudicial a longo prazo,” concluiu.
O encontro do BAD, que começou na segunda-feira (27) e reuniu cerca de três mil participantes, debateu a transformação de África e a reforma da arquitectura financeira global. O Grupo BAD, principal instituição africana de financiamento do desenvolvimento, conta com 81 Estados-membros, incluindo 53 países africanos e 28 países de fora do continente, como Portugal e Brasil.