Aquilo que parecia impossível, está a concretizar-se. A Matsola Artes, uma associação de artistas recém- -formalizada e baseada na cidade da Matola, conseguiu o feito de ser “acolhida”, ainda mesmo antes de dar grandes passos, por importantes entidades, entre elas o Conselho Municipal da Cidade da Matola, a Direcção Provincial da Cultura e Turismo, e a Casa do Professor, que se permite ser sede da agremiação. Estão criadas as condições para, finalmente, tirar as algemas da arte, acredita o respectivo presidente, Pedro Mourana.
Texto: Amad Canda
A história do surgimento da Matsola Artes é uma mensagem de persistência que também mostra a importância de andar com bloco de notas e caneta. Foi com este material que, há uns meses, à saída de uma reunião entre artistas de diversas disciplinas e a Vereação de Cultura e Turismo do Município da Matola, Mourana juntou na mesma folha os nomes daqueles que viriam a ser os primeiros membros da associação.
Quando ouviu a vereadora reconhecer que “artistas são muitos e é difícil atendê-los” em separado, Mourana não perdeu tempo e pôs-se a alistar o das artes plásticas, seguro de que tal facilitaria o diálogo com o governo municipal. Mas já enxergava aí a soberana oportunidade de retirar as algemas dos punhos da arte (remoção das barreiras que travam o seu crescimento), embora ainda tivesse ouvido mensagens de algum cepticismo.
“Isso já se tentou e nunca se consegue. Sempre que há uma nova vereação, dizem quem a coisa vai mudar, mas nada muda”, terá comentado um dos artistas mais pessimistas, e que anda nesta “lenga-lenga” deste os tempos do edil Carlos Tembe. A resposta de Mourana foi simples e poderosa. “Já temos experiência, então, desta vez, vamos fazer diferente” – e assim foi.
Qualidade acima de quantidade
Se a diferença entre o método do passado e o actual pudesse ser traduzida numa única palavra, certamente seria qualidade. Já nas primeiras reuniões, havidas nas instalações do Município e no Auditório Municipal Carlos Tembe, os membros da Matsola Artes acordaram que sua prioridade seria sempre a qualidade, e isso está reflectido no Plano Estratégico.
“Nossos pilares são crescimento, qualidade e visibilidade”, revela Pedro Mourana, apontando a formação como caminho para o alcance desses objectivos.
A agremiação tem na manga workshops, residências artísticas, entre outras actividades para aumentar conhecimento, a partir do chegar-se-á à qualidade e à tão almejada visibilidade. Engana-se, no entanto, quem pensa que o público- -alvo destas actividades serão unicamente os membros efectivos da associação que já estão na casa das duas dezenas. Segundo o presidente, a acção da Matsola Artes não se vai circunscrever ao Município da Matola, e deverá abranger igualmente crianças e artistas emergentes.
Com 45 anos de experiência nas artes plásticas, Pedro Mourana conhece os riscos de levantar o véu sobre os projectos demasiado cedo, mas não se coibiu de partilhar com Dossiers & Factos uma parte do que está por vir. Um dos projectos na manga chama-se “Galeria à Céu Aberto”, que consistirá em exposições em praças públicas, mas com elevados padrões em termos de exigência.
“Praças são diferentes de tua casa ou atelier. A praça é um lugar público, toda a gente vê, por isso tem de haver qualidade”, seja o trabalho da Matsola Artes ou não. De resto, e conforme ressaltado anteriormente, a qualidade é a maior preocupação da Matsola Artes, que garante nunca negligenciar a formação, até porque, “arte é ciência”.
Recentemente, aliás, e no âmbito da sua responsabilidade social, a Matsola Artes levou a cabo uma missão prática de formação ao nível da Matola, que consistiu na construção de um mural, na Praça dos Heróis, alusivo ao Dia da Vitória (07 de Setembro). A actividade envolveu alunos da Escola Secundária da Matola