É de todo impossível falar da música moçambicana sem mencionar o seu nome. Nascida na cidade de Maputo, Elisa Salatiel Jamisse é Mingas para o grande público, que aprendeu a amá-la graças à sua voz doce, às composições e às suas perfomances em palcos. É hoje amável aos públicos pelo apoio do irmão mais velho como “bengala” que, juntamente, contrariaram o cepticismo dos pais.
Mingas, dona de uma doce e profunda voz, teve uma educação religiosa, daí que a sua iniciação musical tenha ocorrido numa igreja, concretamente na Metodista Unida. Pelo reconhecimento das suas habilidades vocálicas, Mingas criou, na altura, os grupos corais infantil e juvenil.
Embora os pais gostassem da música, não viam com os bons olhos a ideia da Mingas seguir a carreira musical. Isso porque, temia que a arte fosse prejudicial aos estudos da filha. Mas, Max, seu falecido irmão mais velho, apadrinhou as suas primeiras saídas para espectáculos.Contrariando a vontade dos progenitores, ele transportava a pequena estrela da casa aos espectáculos (vice-versa) e, foi assim que ajudou Mingas a conquistar o apoio de toda a família.
Foi aos 17 anos de idade que a sorte lhe bateu a sorte. A cantora acompanhava uma amiga aos escritórios dos produtores de espectáculos “Foguetão”, dirigidos por Alex Barbosa, e, nestas frequências aos espaços preparatórios da música, teve o conhecimento de que os integrantes procuravam uma voz.
Na audição, interpretou a canção “I don’t know how to love him”, pertencente à trilha sonora do filme “Jesus Christ Superstar”. Consequentemente, a dona da profunda voz, Mingas, foi aceite e, os produtores propuseram-lhe que ela cantasse “Ineed you”, dos O`jays, no Cine Studio 222. Após essa actuação, que marcou a sua estreia em grandes palcos, Mingas realiza o seu grande sonho de interpretar “I don’t Know-how to love him”, no cinema Gil Vicente, num dos espectáculos do “xitimela 1001”.
Foi um espetáculo importante para o início da sua carreira, até porque a partir daí passou a receber, regularmente, vários convites de actuação no “Sheik” que era, na altura, uma popular discoteca de Maputo.
Aos poucos, foi-se moldando a Mingas que é hoje uma referência no panorama musical moçambicano, uma brilhante intérprete e compositora que se inspira na vida social, nos fenómenos naturais, etc. Tal como ela diz: “Canto sobre o que nos rodeia, desde os fenómenos da natureza (lua, sol, chuva, inundações), temas sociais, amor, mulher, a necessidade de reaver valores morais, os malefícios da guerra, droga, álcool, luta das mulheres pelos seus direitos, enfim”. Na verdade, a compositora usa a sua voz como uma forma de contribuir para a harmonia social em Moçambique e a reflexão dos actos que se verificam nesse país.
Uma carreira de luxo
A autora da “mamana” é cultora de ritmos tais como “marrabenta, fena, xiwoda, zore e muthimba”. Foi compondo e interpretando estes registos que se tornou a grande artista que é, como o confirma a sua trajectória.
Durante a sua carreira, Mingas trabalhou com a Orquestra Marrabenta Star de Moçambique, formada por alguns elementos do grupo RM, e que tinha como objectivo tornar a música moçambicana mais conhecida no estrangeiro. Com uma carreira consolidada, Mingas foi presença constante do “Ngoma” – a maior premiação da música moçambicana, e ganhou vários prémios. Foi eleita “melhor cantora” e recebeu, por mais de uma vez, o galardão destinado a “melhor canção.”
Como o seu interesse está ligado ao bem-estar da sua comunidade, actualmente, Mingas dedica-se também às várias causas humanitárias aqui em Moçambique, produzindo espectáculos de solidariedade em apoio às vítimas de ciclone IDAI e das explosões de Paiol de Malhazine.
A Cantora, autora de CD’s como Vuka África, lançado em 2009, Vumela, em 2013, e DVD Mingas ao vivo, de 2009, diz que não só está a compor as novas canções, como também está a buscar os meios para suportar as despesas de estúdio e músicos.
Texto: Albino Mahumana