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Mondlane quebra sinfonia reconciliadora da Renamo

Os órgãos autárquicos eleitos nas eleições de 11 de Outubro último nos 65 municípios nacionais tomaram posse na passada quarta-feira, 07 de Fevereiro. A Renamo, que diversas vezes boicotou este tipo de cerimónias, desta vez participou, apesar de não concordar com os resultados proclamados pelos órgãos eleitorais em várias autarquias, num acto de pacifismo estragado apenas por Venâncio Mondlane, que jura ter triunfado em Maputo.

Texto: Amad Canda

Alegações de fraude são uma constante da oposição moçambicana sempre que há eleições no País. A Renamo, a segunda maior força política nacional, é o partido que mais frequentemente fundamenta suas derrotas com a pretensa manipulação dos resultados pelos órgãos eleitorais, supostamente em benefício da Frelimo.

Se é certo que, no passado, durante a liderança de Afonso Dhlakama, suspeitas de fraudes eleitorais desencadearam conflitos militares, também não será errado afirmar que, desta vez, o apoio popular às reivindicações da “perdiz” bateu todos os recordes, sendo disso prova as tão concorridas marchas de protesto que, ao longo de várias semanas, tomaram conta de várias cidades do País, do sul à norte.

Todo este clima, associado ao embaraço que os deputados da Bancada Parlamentar da Renamo criaram ao Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, aquando da apresentação do informe sobre a situação geral da Nação na Assembleia da República, em Dezembro passado, fez com que em várias hostes emergisse a perspectiva de a Renamo não participar das cerimónias de tomada de posse nos municípios onde julga ter sido injustiçada. Mas nada disso aconteceu.

Para a surpresa de muitos, a Renamo mobilizou-se em todas as autarquias para tomar posse, ainda que com o sentimento de orgulho ferido. Até mesmo em Nacala-Porto  e cidade de Nampula, municípios cujos respectivos edis cessantes, Raúl Novinte e Paulo Vanhale, chegaram a ter problemas com a polícia por alegadamente terem incitado à violência como resposta a suposta injustiça eleitoral, foi garantida uma transição pacífica de poder, para a desilusão dos militantes mais radicais.

A postura mais reconciliadora da Renamo é tida como efeito da liderança de Ossufo Momade, que, por diversas ocasiões, assegurou que, mau grado as “provocações da Frelimo”, jamais a Renamo voltará às matas para fazer política através das armas.

Elogiada por alguns, esta forma de estar da Renamo de Ossufo Momade é criticada por muitos que são claramente apologistas do radicalismo que, em largos momentos, caracterizou a “perdiz” ao longo do período em que esteve sob égide do falecido Afonso Dhlakama.

Venâncio Mondlane desafina a orquestra

O acto pacifista da Renamo esteve perto de ser unânime. Só não o foi porque o cabeça de lista da cidade de Maputo, Venâncio Mondlane, decidiu pautar pela antiga táctica e boicotou a cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos autárquicos na capital moçambicana, ao contrário do seu homólogo da Matola, António Muchanga, que aceitou ser empossado, ainda que, logo de seguida, tenha abdicado do mandato para continuar na Assembleia da República.

Facto curioso é que, na cidade de Maputo, a agenda de boicote não teve adesão dos restantes renamistas que conseguiram assento na Assembleia Municipal, o que reforça o isolamento de “VM7” no maior partido da oposição em Moçambique.

Através das redes sociais, o também deputado da Assembleia da República partilhou mensagens que mostram o seu inconformismo face ao desfecho do processo eleitoral, aproveitando para passar um raspanete em quem se contenta com pouco.

“O ladrão te rouba galinha. Para te fintar e secar as lágrimas, te oferece pescoço e patinhas. E lá vais tu com um forte e rasgado sorriso comer os restos”, metaforizou o político na sua página do Facebook.

Recorde-se que Venâncio Mondlane anunciou recentemente a sua candidatura à liderança da Renamo, o que lhe valeu afastamento dos cargos de assessor político de Ossufo Momade e de relator da Bancada Parlamentar desta formação política.

 

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