Texto: Anastácio Chirrute, em Inhambane
O governador da província de Inhambane, Eduardo Sebastião Mussanhane, manifestou preocupação com a propagação de desinformação nas redes sociais, onde indivíduos convocam manifestações violentas e de ódio, ameaçando a democracia que os moçambicanos tanto almejam. Por isso, apelou à população para manter a calma e não se deixar influenciar por essas tentações, aguardando serenamente e de forma organizada os resultados a serem divulgados pelos órgãos competentes.
Após a greve ocorrida no passado dia 21 de Outubro, que resultou no ferimento de algumas pessoas, o auto-proclamado vencedor das eleições gerais, Venâncio Mondlane, candidato apoiado pelo partido PODEMOS, voltou a convocar uma nova greve para os dias 24 e 25 deste mês. O protesto é uma resposta aos resultados preliminares apresentados pelas Comissões Provinciais de eleições, que indicam uma larga vantagem para o partido FRELIMO e o seu candidato, Daniel Francisco Chapo. Em resposta, o governador Eduardo Mussanhane apelou à população para não aderir aos actos violentos, que, além de denegrirem a imagem do País, colocam em causa a democracia multipartidária, tão desejada pelos moçambicanos.
“O povo moçambicano, por natureza, é pacífico e dialogante. Surpreende-nos negativamente o comportamento de alguns compatriotas que, voluntariamente, participaram nos processos eleitorais, cujas etapas acompanhámos todos, em particular aqui na província de Inhambane e no país em geral. A população viu isso como um momento de festa e celebração da democracia multipartidária, desde o recenseamento, a campanha e a votação, que ocorreram sem incidentes. Estranhamos quando alguns concorrentes, em vez de convocarem a população à responsabilidade patriótica, incitam manifestações violentas e se auto-proclamam vencedores, sem qualquer mandato para tal”, afirmou.
Mussanhane elogiou a população de Inhambane pela forma sábia, disciplinada e organizada com que participou em todo o processo eleitoral e apelou para que continue a manter a calma, aguardando serenamente pelos resultados oficiais.
“O nosso apelo à população é que, tal como demonstraram disciplina e organização durante o processo eleitoral, aguardem os resultados de forma serena e organizada, até que os órgãos competentes divulguem quem é o vencedor”, reforçou.
O governador também destacou a importância do diálogo para resolver divergências, enfatizando que, na ausência de consenso, deve-se recorrer às instituições de justiça, pois “a violência gera mais violência”.
“Havendo qualquer descontentamento por parte de um dos concorrentes, existem mecanismos adequados aos quais se pode recorrer, como os órgãos de justiça, que são responsáveis por gerir estes processos”, lamentou, acrescentando: “Portanto, quando se fala de terrorismo, pergunto: terrorismo contra quem? Terrorismo contra o próprio povo que se pretende governar? Alguma coisa está errada. É estranho.”
Mussanhane reiterou o seu apelo para que a população não adira às manifestações e permaneça vigilante e unida.
“O apelo que fazemos à população é que não adira a estas manifestações. Sejamos vigilantes e unidos. Se temos conhecimento e força, devemos usá-los para desenvolver o país. O povo moçambicano está unido em torno do objectivo de superar as dificuldades, tal como conseguimos durante a guerra dos 16 anos e nas hostilidades. Hoje, graças à colaboração da população e à vigilância das forças de defesa e segurança, estamos a retomar o controlo do território no norte do país, permitindo que as pessoas regressem às suas zonas de origem e se dediquem ao desenvolvimento da economia”, concluiu.