Depois de várias tentativas, a Federação Alemã de Futebol (DFB) aceita a oferta da Nike para equipar a selecção alemã de futebol, colocando ponto final na parceria com a fabricante Adidas, que, por sinal, é germânica.
Texto: Dossier Económico
O divórcio entre a selecção germânica de futebol e o fabricante alemão de equipamento desportivo, Adidas, foi tornado público no passado dia 21 de Março, na sede do DFB em Frankfurt.
Durante a histórica parceria, que durou mais de sete décadas entre a Mannschaft e a Adidas, a Nike, apesar de fazer uma oferta melhor que sua concorrente Adidas, sempre teve o patrocínio negado pelos germânicos, segundo afirmou o ex-presidente do DFB, Theo Zwanziger, numa entrevista ao jornal DIE ZEIT. Como exemplo, Zwanziger disse que a Nike, entre 2006 e 2012, teria feito uma oferta cinco vezes maior do que a Adidas, mesmo assim, o fabricante americano não foi aceite como patrocinador.
A rejeição das ofertas da Nike também foi apontada pelo ex-director da DBF, Oliver Bierhoff, numa entrevista ao Der Spiegel, em que falou de um cheque da Nike “muito mais do que quatro vezes superior” ao cheque da Adidas em 2007.
A Alemanha, país anfitrião do Campeonato Europeu de Futebol 2024, ainda vai competir com o equipamento de três tiras por mais alguns anos, pois o contrato com o novo patrocinador começa em 2027 e se estenderá até pelo menos 2034.
A imprensa alemã fala do dobro dos actuais 50 milhões de euros anuais que a Adidas transfere actualmente para a conta do DFB. Ou seja, a Nike vai pagar anualmente 100 milhões de euros à Federação, que viu a selecção masculina vencer quatro títulos mundiais e a feminina dois, com equipamento Adidas.
Fim de uma relação histórica
Aliás, é histórica e cheia de simbolismo a união entre o DFB e a Adidas. Segundo o jornal BILD, já na primeira conquista do mundial, na final disputada, em 1954, contra a selecção da Hungria, a Mannschaft usava botas com cravos aparafusados da Adidas, e o fundador da marca, o alemão Adolf “Adi” Dassler, estava no banco técnico da Alemanha Ocidental, ao lado do lendário treinador Sepp Herberger.
No entanto, a relação também teve seu lado cinzento Mannschaft, desvendado pelo DER SPIEGEL. Segundo o semanário germânico, a Adidas pagou 6 milhões de euros à DFB para subornar quatro votos que possibilitaram a vitória da Alemanha como país-sede da Copa do Mundo de 2006.
Analistas consideram o fim do contrato de patrocínio com a selecção alemã como um golpe amargo para a Adidas, que registou seu maior prejuízo dos últimos 30 anos no início de Março, no período em que rompeu o contracto com o rapper Kanye West.
Desde 1970, ano em que a Copa do Mundo começou a ter transmissão televisiva ao vivo e foi disputada no México, a marca alemã é a fornecedora oficial da bola para a competição. DPA, Reuters e AP