O mercado de emprego em Moçambique registou uma queda de 13,7% no quarto trimestre de 2024 em relação aos períodos anteriores, e uma redução de 7,6% face ao mesmo período de 2023. Os dados foram divulgados pelo Ministério do Trabalho e Segurança Social, no seu Boletim Informativo do Mercado de Trabalho referente ao IV Trimestre de 2024, que aponta a cidade de Maputo e Cabo Delgado como as regiões com maior redução no emprego, com quedas de 80,1% e 69,3%, respectivamente.
Texto: Milton Zunguze
A nível regional, o Centro do país liderou a empregabilidade com 43,6%, destacando-se a província de Sofala com 40,9%. No Norte, que registou 30,8% de empregabilidade, Nampula foi a província com maior destaque, com 51,2%. Já no Sul, que contribuiu com 25,6%, Gaza foi a província com maior percentagem, representando 39,9% do total da região.
A nível provincial, as províncias de Sofala e Tete, no Centro, contribuíram significativamente com aumentos de 36,1% e 28,7%, respectivamente. Por outro lado, Manica e Zambézia registaram quedas de 15% e 9%. No Norte, apenas o Niassa registou um aumento, passando de 994 empregos no terceiro trimestre para 12.105 no último trimestre de 2024. Cabo Delgado e Nampula tiveram reduções de 69,3% e 21,4%, respectivamente.
No Sul, apenas Gaza registou um crescimento de 38,6%, enquanto Inhambane, a cidade e a província de Maputo tiveram quedas de 24%, 80% e 48%, respectivamente. As quedas acentuadas verificadas em Maputo (cidade e província) poderão estar associadas a onda de vandalizações e saque de lojas, armazéns e unidades industriais, actos ocorridos em Dezembro último, na sequência da validação, pelo Conselho Constitucional, dos resultados das eleições gerais de 09 de Outubro, que consagraram Daniel Chapo e Frelimo como os grandes vencedores.
Mão-de-obra estrangeira e relações com a África do Sul
A contratação de mão-de-obra estrangeira aumentou 2,1% no último trimestre de 2024, embora tenha registado uma redução de 20,5% em comparação com o mesmo período de 2023. As províncias da Zambézia e Manica foram as que mais contribuíram para este aumento, enquanto Tete e Inhambane registaram quedas significativas.
No que diz respeito às relações laborais entre Moçambique e a África do Sul, o mercado de emprego verificou uma queda de 16,6% no último trimestre de 2024 em relação ao trimestre anterior, e uma redução de 4,7% face ao período homólogo. Esta queda deve-se, em grande parte, à redução significativa em áreas como o trabalho portuário e as associações produtivas.
O sector do comércio a grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis e motociclos liderou a contratação de mão-de-obra estrangeira, com 43,8% do total. A construção e a indústria extractiva seguiram-se com 14,8% e 11,5%, respectivamente. Apenas 2,9% dos trabalhadores estrangeiros contratados eram mulheres, com a Cidade de Maputo a destacar-se com 33,2% desse total.
A fiscalização da legalidade laboral registou uma queda de 36,8% no quarto trimestre de 2024, e uma redução de 30,9% em comparação com o mesmo período de 2023. Maputo contribuiu com 23,4% das inspecções realizadas, seguida de Zambézia com 15,3%.
A indústria extractiva e transformadora lideraram o número de acidentes de trabalho, com 22,8%, seguidas dos serviços prestados à colectividade (21,4%) e da agricultura, silvicultura e pesca (13,8%). O número de trabalhadores acidentados reduziu 38,8% em relação ao trimestre anterior, mas aumentou 5,1% face ao período homólogo.
O número de projectos de investimento aprovados reduziu 29,6% no último trimestre de 2024, em relação ao trimestre anterior, e 28,6% face ao mesmo período de 2023. No entanto, os empregos previstos aumentaram 102,9% e 72,4%, respectivamente.
No que diz respeito à segurança social, o número de trabalhadores por conta de outrem activos no sistema aumentou 7,1% no último trimestre de 2024, e 9,2% em comparação com o mesmo período de 2023. Maputo continua a concentrar o maior número de trabalhadores activos, com 24,9% do total, seguida da Cidade de Maputo (20,3%) e de Sofala (12,2%).