Na semana passada, o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) deu a conhecer, através de um comunicado de imprensa, um rombo financeiro perpetrado por um grupo de funcionários da instituição. Segundo a instituição, o desvio dava-se por via de pagamentos indevidos de pensões. Uma investigação do Dossiers & Factos conseguiu apurar os montantes em causa, assim como o modus operandi da quadrilha.
Texto: Dossiers & Factos
Enquanto o comunicado não revela valores, informações obtidas por Dossiers & Factos junto de fontes ligadas ao processo indicam que as inspecções e auditorias internas do INSS concluíram que a instituição ficou lesada em valores que ultrapassam 400 milhões de meticais.
Dossiers & Factos sabe ainda que a Direcção Geral desta instituição (INSS) precisou de pouco mais de dois meses de aturada investigação ao Sistema de Informação de Segurança Social de Moçambique (SISSMO) para descobrir os tentáculos deste esquema fraudulento, tendo, para o efeito, solicitado o apoio de duas empresas que colaboraram na instalação e operacionalização deste sistema.
A investigação concluiu que os exercícios ilícitos decorriam desde os anos 2017/2018, envolvendo funcionários da instituição com domínio profundo da gestão do referido sistema e pagamento das pensões, em conexão com funcionários de algumas instituições bancárias, à semelhança do que sucede noutros sectores infestados de funcionários fantasmas, com destaque para a Defesa e Segurança.
O Jornal, através de algumas investigações feitas junto às instituições que tratam deste melindroso processo, ficou a saber ainda que um funcionário afecto à sede do INSS já se encontra detido. Apurou, igualmente, que estão em curso processos disciplinares contra funcionários de algumas instituições bancárias, como é o caso do Millennium BIM, onde alguns gestores que não auferem acima de 70 mil meticais chegaram a adquirir apartamentos de luxo em condomínios, o que também poderá pesar na investigação.
Refira-se que, no acto de pagamentos das referidas pensões indevidas, os dinheiros caíam para as contas domiciliadas nas cidades de Maputo, Matola e Xai-Xai, sendo que os mesmos valores eram, posteriormente, sacados e até movimentados através de carteira móvel, com destaque para o Mpesa.
Como operava a quadrilha
As nossas fontes explicaram que, para lograr seus objectivos, a quadrilha, para além de contar com o envolvimento dos profissionais da banca acima referenciados, teve assistência de indivíduos especializados em matérias informáticos, concretamente hackers, que conseguiam interceptar o sistema na hora de pagamentos de pensões introduzindo números de contas bancárias que não faziam parte da base de dados dos pensionista do INSS, conseguindo, deste modo, e de forma sucessiva, roubar o dinheiro e voltar a sair da operação sempre que terminasse.
Uma fonte que faz parte da equipa de investigação do caso reconheceu o importante e profundo trabalho de investigação levado a cabo pela Direcção Geral do INSS e que culminou com a entrega dos resultados das investigações internas à Procuradoria- -Geral da República (PGR).