
MUSSA REFLECTE SOBRE OS 50 ANOS: “Samora tinha tudo para dar certo”_Part.01
Fora da política partidária, mas com um passado activo como deputado pela Renamo e co-fundador do MDM, Ismael Mussá concedeu uma grande entrevista ao Dossiers & Factos, na qual traça uma leitura crítica da trajectória política e institucional de Moçambique. 50 anos após a independência, o académico considera que o País tem motivos para se orgulhar, mas alerta que é urgente uma reflexão profunda sobre os erros cometidos ao longo do percurso — entre eles, o centralismo excessivo, a desvalorização da diversidade cultural e a hegemonia da elite da capital. “Não se controla riqueza a 2000 km de distância”, alerta, ao defender uma descentralização efectiva dos poderes do Estado como condição para a inclusão e o desenvolvimento equilibrado do território. Com a liberdade de quem já não tem compromissos partidários, Mussa partilha também o seu olhar sobre os quatro primeiros Presidentes da República. Sobre Samora Machel, diz que “tinha tudo para dar certo”. Vê em Joaquim Chissano um diplomata hábil, que recuperou a paz e deixou o País sem dívida. Elogia Armando Guebuza pela sua luta na promoção da autoestima e considera que Filipe Nyusi foi “um bombeiro”. Nesta primeira parte da entrevista, Mussa propõe uma revisão crítica da história moçambicana e convida ao debate sobre o futuro. A segunda parte será publicada na próxima edição.