Na noite de ontem, 26 de Dezembro, a população de Boane e Matola não pregou olho. Em vários bairros, homens e mulheres mobilizaram-se e passaram a noite em claro, numa suposta missão de vigilância destinada a frustrar alegados planos de invasões domiciliárias por parte de “homens-catana”.
Bairros como Tsalala, Liberdade, Socimol, Patrice Lumumba e outros ao longo dos municípios de Matola e Boane foram os principais focos da mobilização popular. Desde as 21 horas até ao nascer do sol, moradores mantiveram-se em alerta, vigiando as ruas e discutindo relatos de movimentações suspeitas.
Mensagens e rumores sobre a presença de grupos armados com catanas circularam rapidamente, sobretudo pelas redes sociais, ampliando o estado de pânico. Em algumas zonas, populares relataram ter capturado indivíduos que acreditavam ser fugitivos das cadeias.
Apesar do tumulto, as autoridades ainda não confirmaram a veracidade das alegações relacionadas com “homens-catana” ou invasões a residências. No entanto, o clima de insegurança está instalado, com muitos residentes a temerem pela sua segurança nos próximos dias
Facto curioso é que este ambiente surge um dia após a fuga massiva de prisioneiros do Estabelecimento Penitenciário Especial de Máxima Segurança (BO) e da Cadeia Central. O cenário ganhou contornos mais inquietantes depois das declarações do comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael. No seu comunicado, Rafael alertou para um aumento significativo de crimes nos dias seguintes à evasão, afirmando: “Nas próximas 48 horas haverá uma subida vertiginosa de todo o tipo de criminalidade; significa que vai aumentar o crime de roubo, assalto, violação de mulheres, roubo de viaturas e assaltos à mão armada.”