Sob o lema “Industrialização, Inovação e Diversificação da Economia Nacional”, decorreu de 26 de Agosto até 01 de Setembro a 59ª edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM), no distrito de Marracuene, província de Maputo. O evento teve como objectivo atrair e promover Moçambique como destino preferencial de investimentos e negócios, visando o crescimento e consolidação das Pequenas e Médias Empresas (PMEs) e da economia nacional. De acordo com a avaliação feita por alguns expositores nacionais e da diáspora, houve unanimidade em considerar que a organização da FACIM esteve à altura das suas expectativas, embora tenham sido apontados alguns aspectos que precisam de atenção nas próximas edições.
Texto: Milton Zunguze
Encerrou no dia 01 de Setembro, a 59ª edição da FACIM, na vila de Marracuene. O evento, que reuniu mais de 3 mil expositores nacionais e internacionais com o propósito de criar parcerias e expor os seus produtos, mereceu apreciações positivas, mas também críticas construtivas por parte dos expositores. Estes reconheceram a “prontidão” da organização, mas sublinharam pontos que precisam de ser melhorados para as próximas edições da maior feira do país.
Alessandro Macari, da República Federativa do Brasil, em representação da Phoenix Luferco, uma empresa que se dedica à exportação de autoclaves, atribuiu uma nota sete à organização. “A organização da Feira está muito boa, gostei bastante da disposição”, disse ele, mas lamentou o facto de a feira ser multissectorial, sem um agrupamento dos pavilhões de acordo com a especialização de cada área. “Por exemplo, um stand para dispositivos médicos, outro para máquinas agrícolas, para alimentos”, sugeriu.
Macari acredita que a especialização dos stands por áreas de interesse poderia facilitar as necessidades dos visitantes e trazer mais foco a cada feira. “A especificidade traria mais foco em cada feira, em vez de ser mais espalhada do que está”, concluiu.
Fraco movimento nos primeiros dias
Fernando Arruda, gerente de exportação da empresa Da Terrinha, especializada na comercialização de tapioca hidratada, também compartilhou suas impressões. “Conseguimos algumas parcerias que nas próximas semanas vamos concretizar”, disse ele, mas constatou uma aderência fraca, especialmente nos primeiros dias. “Eu pensava que o movimento fosse um pouco maior, confesso que foi um pouco fraco”, lamentou.
Apesar disso, Arruda considerou a organização boa e a estrutura interessante, embora tenha ressaltado que esperava um fluxo maior de visitantes.
Itália garante participação nas próximas edições
Paolo Gozzoli, director da agência ICE da Itália, com a missão de promover e internacionalizar as empresas italianas no exterior, destacou a experiência positiva do seu país na FACIM. “No primeiro ano da nossa participação, ganhámos como melhor expositor e este ano como o pavilhão mais inovador”, disse Gozzoli, reforçando o compromisso de continuar a participar nas futuras edições da feira.
Fraca adesão inicial, mas com melhoria progressiva
Horácio Chaúque, proprietário da Kharua, uma empresa dedicada ao agronegócio na produção de carnes, revelou à nossa equipa de reportagem que a aderência inicial foi “tremida”. Contudo, notou uma melhoria no fluxo de visitantes a partir de Sexta-feira. “De ontem (Sexta-feira) à tarde, começámos a ver um pouco mais de agitação, um pouco mais de circulação de pessoas interessadas em ver as nossas exposições”, afirmou, expressando expectativas de resultados satisfatórios.
Chaúque, que trouxe 3.000 codornizes e 200 patos do distrito de Caia, espera vender tudo até ao final da feira.
Chaúque, que já participou em edições anteriores da FACIM, notou uma fraca participação de expositores internacionais este ano, comparado com anos anteriores. “No ano passado, houve uma participação muito agressiva, principalmente dos expositores internacionais”, observou. Por outro lado, ele destacou uma “forte” participação dos expositores nacionais, com destaque para o pavilhão da Agência do Vale do Zambeze.
Chaúque acredita que essa maior presença nacional é positiva para Moçambique, pois demonstra um despertar da necessidade de produzir e vender produtos locais, em vez de importar.
Promessas de crescimento nas próximas edições
Chaúque promete que nas próximas edições da FACIM, a sua empresa “arrasar”. “Já temos contactos e alguns compromissos com restaurantes e supermercados de grande envergadura aqui na capital. Isto faz com que tenhamos de redobrar o esforço e, se calhar, triplicar a nossa produção mensal actual”, afirmou, destacando a necessidade de aumentar a produção.
Alcides Lampião, responsável pelo marketing e vendas da empresa Klein Karro, que lida com sementes de milho, soja, arroz e hortícolas, destacou a necessidade de melhorar a segurança nos stands. “Nas próximas edições, precisamos melhorar a segurança. Nos primeiros dias, verificámos falhas no processo de segurança dos stands, acho que é um facto que deve ser melhorado”, sugeriu.
Fernando Manuel, gestor sénior da Agro Solution, partilhou a sua satisfação com a participação na FACIM. “A nossa participação foi muito boa”, disse ele, acrescentando que “a edição foi espectacular”. Manuel, que participou pela primeira vez na FACIM, confessou que a realidade superou as suas expectativas e que, para as próximas edições, a empresa estará mais preparada.
Encerramento pela autoridade máxima
A cerimónia de encerramento foi dirigida pelo Primeiro-Ministro, Adriano Maleiane, que considerou a FACIM uma plataforma incontornável para promover o potencial e as oportunidades de negócios existentes em Moçambique.
Para Maleiane, a qualidade e diversidade dos serviços e bens exibidos na 59ª edição da FACIM demonstram que o país está a trilhar o caminho certo rumo à industrialização. Reiterou ainda que o aumento da produção, incorporando cada vez mais matérias-primas nacionais, está a contribuir para a redução de importações, bem como para a criação de mais postos de trabalho e renda para os moçambicanos, especialmente para jovens e mulheres.
O Primeiro-Ministro destacou também a qualidade dos produtos processados localmente, incluindo a embalagem atractiva e a certificação, que facilitam a internacionalização dos bens “Made in Mozambique”.
Texto extraído na edição 577 do Jornal Dossiers & Factos