Vivemos momentos de tensão na Casa do Futebol, com o seleccionador nacional Chiquinho Conde e o presidente da Federação Moçambicana de Futebol (FMF), Feizal Sidat, em desentendimento. Trata-se de uma crise até então sem aparente solução, a avaliar pelo tom adoptado por Feizal Sidat na conferência de imprensa desta quarta-feira (19 de Junho) e pelo áudio vazado antes no qual Chiquinho Conde manifesta indignação com o presidente da FMF.
Há, no entanto, uma réstia de esperança que devia ser aproveitada para restaurar a harmonia entre ambos. É que, na sua conversa com jornalistas, ao que se entendeu, Sidat não disse taxativamente, como muitos receavam que fosse dizer, que o timoneiro dos Mambas não renovaria o contrato, que está prestes a findar.
Este facto pode mostrar que, no mínimo, Sidat e a sua estrutura ainda consideram a possibilidade de prolongar o vínculo contratual, o que julgamos seria bom para todos nós. Mas, mesmo que não haja renovação, há um aspecto que para nós é fundamental: a reconciliação entre ambos. Sidat e Chiquinho Conde, goste-se deles ou não, são homens do futebol, um desporto que hasteia desde há muito a bandeira do fair-play. Sendo eles dois dos maiores representantes do desporto-rei moçambicano, têm a obrigação de dar exemplo.
Por outro lado, o que podemos pedir é calma e muita reflexão antes de se tomar qualquer decisão em torno deste assunto. Não há dúvidas, olhando para as reacções nas ruas e nas redes sociais, de que a maioria dos moçambicanos está ao lado do técnico, sendo que para tal têm sido essenciais os resultados positivos do conjunto de jogadores por este orientado.
Concretizando-se o pior cenário (a ruptura), é fácil antever um divórcio entre o público e a FMF, sobretudo na eventualidade de o novo seleccionador vir a ter uma estreia negativa. Aí, a situação pode piorar ainda mais para a FMF.
Naturalmente, ninguém está a dizer que com Chiquinho Conde será alcançado o eterno sonho do mundial, mas devemos considerar o melhor ambiente e a relação que nutre com os atletas e até com os adeptos. Dito isto, entendemos que não há muitas dúvidas de que a decisão que melhor serve aos nossos interesses é a continuidade do mister Chiquinho Conde, mas para tal é preciso que haja reconciliação.
Por isso, exortamos o seleccionador para que ao bom trabalho técnico-táctico junte a componente disciplina, procurando manter uma relação de respeito com as estruturas superiores. É hora de ambos – seleccionador e presidente – baixarem a guarda em nome do País.
Ao presidente Feizal Sidat, auguramos que o bom senso, a concórdia e o espírito de perdão, enquanto muçulmano que é, reinem no seu coração, e que os seus pronunciamentos na conferência de imprensa tenham servido de um desabafo para que se tenha soltado a dor que eventualmente por longo período pode ter permanecido no seu coração.
Para a sociedade em geral, em especial aos adeptos dos Mambas, estendemos o apelo para a redução do lançamento de mais achas à fogueira, pois, neste momento, precisamos é de pacificadores para o alcance da paz no futebol em nome da Nação.
Serôdio Towo