O Presidente da República, Filipe Nyusi, manifestou a sua convicção de que os estudantes moçambicanos actualmente em formação nas universidades da República Popular da China, sobretudo em medicina tradicional chinesa, poderão trazer uma mais-valia significativa para o desenvolvimento de Moçambique.
Texto: Maximiano da Luz
Em declarações à imprensa na quinta-feira (05), durante o balanço da sua visita de trabalho de seis dias à China, Nyusi afirmou que os cursos de medicina tradicional chinesa frequentados pelos estudantes moçambicanos se enquadram nas necessidades de desenvolvimento do País, considerando estratégica a escolha dos estudantes.
“Os jovens estão a escolher cursos que lhes permitirão entrar no mercado de trabalho. Um deles, que escolheu medicina tradicional chinesa, estava preocupado com as oportunidades, mas foi bem explicado que este curso é bastante útil em Moçambique e noutros lugares também. São profissionais raros e há muita procura. Penso que esses cursos vão ajudar muito o País”, disse Nyusi.
Relativamente aos estudantes moçambicanos que estudam Direito na China, o Presidente revelou ter ficado informado de que as aulas são ministradas em português, a língua oficial de Moçambique.
“Fiquei a saber que os estudantes de Direito têm as aulas em português, o que me preocupava. Macau, por exemplo, uma região autónoma da China, tem o português como uma das suas línguas oficiais, além do chinês”, recordou Nyusi.
Actualmente, várias instituições moçambicanas queixam-se da falta de pessoal qualificado para gerir o crescente sector dos hidrocarbonetos no País, que é visto como uma alavanca para o desenvolvimento económico nos próximos anos. De acordo com um estudo da consultora norte-americana Deloitte, divulgado em Fevereiro deste ano, as reservas de gás natural de Moçambique poderão gerar receitas superiores a 100 mil milhões de dólares. Essas reservas colocam o país entre os 10 maiores produtores mundiais de gás natural, com Moçambique a ser responsável por cerca de 20 por cento da produção africana até 2040.
Com reservas estimadas em 180 milhões de pés cúbicos, Moçambique detém a terceira maior reserva de gás natural em África. No entanto, Nyusi destacou que os jovens têm a liberdade de escolher os cursos que desejam seguir.
“Os jovens não são obrigados a escolher um curso específico. Houve um tempo em que Moçambique precisava de impor essas escolhas – alguns iam para o serviço militar, outros para a aviação, porque não havia muitas opções. Agora já há alternativas, e penso que muitos desses cursos são úteis”, comentou o Presidente.
O Governo moçambicano acredita que, até 2030, a economia poderá crescer a uma taxa anual de cerca de 10 por cento, especialmente se os grandes projectos de gás natural liquefeito (GNL) estiverem em pleno funcionamento.
As projecções do Governo mostram que o crescimento económico caiu de 2,3 por cento em 2019 para menos 1,1 por cento em 2020, um declínio fortemente influenciado pela pandemia de COVID-19. No entanto, após a pandemia, registou-se uma recuperação, com um crescimento de 4,15 por cento em 2022 e cinco por cento em 2023. A projecção para este ano aponta para 5,56 por cento, com expectativas de 7,2 por cento em 2026 e 8,5 por cento em 2028.
A visita de Nyusi à China incluiu a sua participação no 9º Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), realizado em Beijing, a convite do Presidente chinês, Xi Jinping. O fórum decorreu sob o lema “De Mãos Dadas Promovendo a Modernização e Construindo uma Comunidade China-África de Alto Nível com um Futuro Compartilhado”.