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Províncias buscam caminhos para exportação e crescimento

Durante a 59ª edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM), que decorreu de 26 de Agosto a 01 de Setembro, as províncias moçambicanas apresentaram seus avanços e desafios no sector industrial, com um foco claro: fortalecer a cadeia de valor e impulsionar a exportação de produtos manufacturados. Este movimento, liderado por províncias como Cabo Delgado, Inhambane, Gaza, Zambézia e Maputo, busca transformar matérias-primas em produtos acabados e competitivos no mercado internacional. Nesta reportagem destacamos as principais iniciativas apresentadas e os anseios de cada região para se firmar como player de peso na economia nacional e global.

Texto: Milton Zunguze

Apesar dos desafios colocados pela violência extrema perpetrada pelos terroristas, a província de Cabo Delgado tem avançado em ritmo acelerado na reconstrução do seu parque industrial, tendo já recuperado cerca de 70% das infraestruturas destruídas.

O director provincial da Indústria e Comércio, Nocif Magaia, destacou na FACIM que a industrialização da província está em curso, com investimentos robustos em marcas como Cabo Delgado Parks e Visite Cabo Delgado, que atraem investimentos da ordem de 60 milhões de dólares.

Considerado um dos pilares do crescimento industrial da província, o projecto Cabo Delgado Parks visa estruturar cinco áreas industriais em Pemba, Ancuabe, Balama, Montepuez e Afungi. Estas zonas são estratégicas devido à presença de grandes investimentos mineiros e têm o potencial de criar até 100 mil empregos.

Para reforçar a atractividade de Cabo Delgado, a Assembleia Provincial aprovou o Código de Postura para Implantação e Desenvolvimento de Empreendimentos Industriais, que delimita áreas específicas para o sector industrial, garantindo um crescimento mais organizado e sustentável.

Outro destaque da província é a iniciativa Visite Cabo Delgado, que se foca na recuperação do turismo, severamente afectado pelos conflitos armados. Segundo Magaia, 45% das infraestruturas turísticas já foram recuperadas. A Reserva da Biosfera, anteriormente conhecida como Parque Nacional das Quirimbas, é uma das principais atracções, com grande potencial para atrair investimentos no sector de turismo e restauração.

Exploração pesqueira é aposta

Cabo Delgado também aposta fortemente no sector pesqueiro, com capacidade de capturar entre 25 e 30 mil toneladas de atum por mês. Com uma costa de 430 km, a província tem um enorme potencial inexplorado, oferecendo oportunidades para investimentos em exploração pesqueira, o que contribuiria significativamente para a economia local.

O progresso está, no entanto, dependente da mudança de hábitos. Magaia identificou a mudança de mentalidade dos empresários locais como um desafio crucial. Segundo ele, é necessário substituir a cultura de importação pela exportação, impulsionando a produção local e tornando-a competitiva no mercado global. A integração da produção agrícola local, como mandioca e milho, na cadeia de valor de grandes indústrias, é um exemplo dessa nova mentalidade.

Inhambane reforça sinergia entre Turismo e Agricultura

A província de Inhambane destaca seu enorme potencial turístico, com a directora dos Serviços Provinciais de Actividades Económicas, Elvira Chaúque, ressaltando a importância de atrair mais investimentos para o sector. Inhambane é lar de destinos turísticos emblemáticos, como o Parque Nacional do Arquipélago do Bazaruto, a Reserva do Pomene e o Parque Nacional de Zinave, que abrigam os Big Five terrestres e marinhos.

A famosa “terra da boa gente” também busca agregar valor aos seus recursos naturais, como a madeira e os produtos do mar. Chaúque enfatizou o desejo de exportar produtos acabados, como móveis, em vez de troncos de madeira. Essa lógica também se aplica ao sector de pesca, onde a meta é processar e exportar caranguejos e outros pescados, gerando maior valor económico.

Gaza com foco na agricultura

Gaza também se destacou na FACIM 2014, com a directora provincial da Indústria e Comércio, Lúcia Matimela, apontando a agricultura como o grande trunfo da província. A presença de grandes projectos de irrigação, como o de Baixo Limpopo, tem transformado a província em uma potência agrícola. A produção de arroz, liderada por empresas chinesas, está em expansão, com resultados animadores.

No entanto, Matimela destacou que a industrialização de Gaza ainda não está no ritmo desejado. A província carece de indústrias de processamento de alimentos, o que permitiria agregar valor à vasta produção agrícola e garantir maior competitividade nos mercados nacionais e internacionais.

Zambézia busca parceiros para potencial hídrico e industrial

Sifa António, delegado do Instituto de Amêndoas de Moçambique (IAM), representando a Zambézia, levou para a FACIM o desejo de atrair parceiros estratégicos para explorar o vasto potencial hídrico da província, ainda subaproveitado. A implantação de unidades de processamento de castanha de caju é vista como uma prioridade para impulsionar a economia local e criar empregos.

Zambézia também se destaca pela produção de amêndoas, como caju, e pelos recursos pesqueiros diversificados. A instalação de indústrias de processamento é uma necessidade premente, de acordo com António, para que a província possa transformar sua vasta produção em produtos acabados de alto valor.

Maputo: a nova face da industrialização

A província de Maputo, por sua vez, apresenta uma visão optimista sobre o crescimento do parque industrial. Joel Nhassengo, director provincial da Indústria e Comércio, revelou que a industrialização não está mais concentrada apenas na Matola, tradicionalmente o maior polo industrial do País. Agora, distritos como Marracuene, Boane e Moamba estão a destacar-se, com novas fábricas e indústrias em desenvolvimento.

Uma das metas da província é expandir o modelo de parques industriais para outros distritos, aproveitando o sucesso de Beluluane, que abriga a gigante Mozal. A província também tenciona internacionalizar pequenas indústrias, oferecendo incentivos e criando parcerias para garantir financiamento e crescimento.

Em Manica e Tete, agroprocessamento é um imperativo

Como província de honra desta edição da FACIM, Manica trouxe seu potencial no que diz respeito ao agroprocessamento, com destaque para produtos agrícolas, minerais e madeireiros.

Segundo Maria de Assunção Rogério Fernandes, directora provincial da Indústria e Comércio, o interesse por parcerias para a instalação de novas indústrias está a crescer, especialmente para o processamento de feijão, farinha e café.

Já Tete, com sua rica tradição agrícola e pecuária, busca consolidar parcerias para acelerar a industrialização local. O director provincial de____, Ofélio Jeremias, destacou que o processo de industrialização está em andamento, mas ainda há muito espaço para crescimento, especialmente no processamento de produtos agrícolas.

As províncias moçambicanas estão, portanto, unidas num objectivo comum: industrializar, agregar valor à produção local e exportar mais produtos acabados, tornando-se mais competitivas e atraentes para investimentos estrangeiros. A 59ª edição da FACIM, como palco para essas aspirações, deixou claro que o futuro de Moçambique passa pela transformação de suas riquezas naturais em produtos de alto valor agregado.

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