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STAE EM INHAMBANE: Funcionários estão há três meses sem salários

Depois de os professores terem paralisado as aulas em protesto contra o atraso no pagamento de horas extras referentes aos anos de 2022, 2023 e 2024, respectivamente, agora é a vez dos funcionários do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) na província de Inhambane reivindicarem o que consideram ser os seus direitos. Em causa está uma dívida de três meses de atraso no pagamento dos seus salários (Dezembro, Março e Abril). Alguns funcionários vivem momentos conturbados por causa das dívidas contraídas com agiotas para suprir necessidades, esperando liquidá-las assim que o salário fosse depositado nas suas contas. O STAE, ao nível da província de Inhambane, não confirma, mas também não nega, dizendo tratar-se de um problema que não afecta apenas aquela instituição.

Texto: Anastácio Chirrute, em Inhambane

Os salários são referentes aos meses de Dezembro, Março e Abril do presente ano, que os funcionários do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) na cidade de Inhambane, província do mesmo nome, não viram reflectidos nas suas contas bancárias.

Segundo os queixosos, que contactaram a nossa equipa de reportagem para denunciar o que consideram uma violação dos seus direitos, o caso já é do conhecimento do STAE ao nível provincial, mas que nada tem feito para reverter o cenário.

“Este caso não é geral, só acontece aqui na província de Inhambane. Veja que no mês passado foram pagos apenas os vogais, e nós ficámos de fora até hoje. Temos a situação de Dezembro, Março e Abril.”

Por conta desta situação, há funcionários que foram obrigados a contrair dívidas com agiotas para minimizar algumas despesas básicas, na expectativa de reembolsar o valor quando o salário fosse finalmente pago, um sonho que se transformou num grande pesadelo.

Joaquim Fernando (nome fictício) é exemplo disso. Ele perdeu a conta das vezes que teve de recorrer aos agiotas para pedir dinheiro emprestado para suprir necessidades básicas. Conta ainda que, pelo contrato assinado, deveria ter devolvido o valor no prazo de 30 dias, o que não foi possível. Actualmente, não sabe ao certo qual é o total da dívida, mas está consciente de que os juros foram-se agravando.

“É complicada a forma como estamos a viver. Não temos nem sequer um centavo para alimentar as nossas famílias. Por isso, acabámos por recorrer aos agiotas, mas o problema é: como reembolsar o valor? Eu, por exemplo, sou pai de família. Como vou fazer para sustentar a minha família sem dinheiro? O STAE a nível central precisa intervir o mais rápido possível, porque esta situação só está a acontecer aqui na nossa província. Em outras províncias, não existem estes problemas.”

O mais preocupante, segundo os lesados, é o silêncio da direcção face aos problemas que os seus funcionários enfrentam. Para além de viverem na incerteza de quando receberão os seus salários, são obrigados a percorrer quilómetros a pé de casa ao serviço.

“Neste mês, por exemplo, nem há previsão de recebermos ou não. Estamos apenas a trabalhar, e a nossa direcção não diz nada. Isto é muito desgastante. Aqui é cada um por si e Deus por todos. Temos colegas que vivem, por exemplo, na Maxixe e, de segunda a sexta- -feira, têm de atravessar para Inhambane, mas sem sa lário, alguns acabam por faltar ao serviço.”

As mesmas fontes afirmam ainda que já reportaram várias vezes o caso ao STAE Distrital e Provincial, mas até hoje não obtiveram qualquer resposta.

“Já reportámos o caso ao STAE distrital e provincial, mas até hoje ninguém se pronunciou sobre este assunto. Estamos a viver na incerteza. Daqui a pouco, são eleições. Como vamos ter moral para trabalhar assim?”

Verónica Mendes (nome fictício) há dias brigou com o marido, alegando que há três meses ele não ajuda nas despesas de casa, facto que gerou muita confusão entre o casal. “O meu marido achava que eu tinha levado o dinheiro para curtir com as minhas amigas, mas isso era tudo mentira.”

Quem também caiu no mesmo azar foi Sebastião (nome fictício), que já perdeu a conta dos dias que está sem ter relações sexuais em casa, porque a sua esposa acha que o salário está a financiar amantes. Ela não acredita que até os colegas do marido estão na mesma situação (sem salário há mais de três meses), o que só piora a comunicação no casal.

“A minha esposa já não me vê como o homem da casa, porque não estou a conseguir pagar as contas. Ela faz tudo por nós, e isso é preocupante, porque todos os dias vivemos a discutir. Consequentemente, nega- -me sexo, achando que estou a gastar o meu dinheiro com amantes e não estou preocupado com a minha família.”

Recorde-se que esta não é a primeira vez que o STAE enfrenta problemas com os seus funcionários devido ao mesmo tipo de situação. No ano passado, os formadores contratados para treinar os MMVs quase foram burlados dos seus ordenados a que tinham direito.

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