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Tensão Rússia-Ucrânia abana a economia

 
A Rússia anunciou na passada terça-feira, 15 de Fevereiro, a retirada de parte dos militares estacionados junto da fronteira com a Ucrânia, mas o clima de tensão no leste europeu ainda não está totalmente desanuviado – até tende a agravar-se – sendo que já afecta significativamente a economia. Os preços do petróleo e gás estão em crescendo, mas também os mercados bolsistas sofrem.
 
Texto: Amad Canda
 
Desde finais do ano passado, a Rússia tem grandes efectivos – o Tratado Atlântico Norte (NATO) fala de cerca de 130 mil militares – estacionados na fronteira junto da vizinha Ucrânia, o que faz soar os alarmes sofre uma eventual invasão por parte das tropas de Vladimir Putin.
 
Na verdade, o espectro de guerra, que nas palavras do governo russo nunca passa de “histeria ocidental”, deixou o mundo apreensivo, dado que as consequências seriam absolutamente catastróficas.
 
O conflito propriamente dito pode não ter início, até porque o Ministério da Defesa da Rússia anunciou a retirada de parte das tropas, justificando-a com o fim dos exercícios que realizavam na região de há uns meses a esta parte. Mas a tensão já provocou um “abalo sísmico” sobre a economia, como o comprova a subida dos preços do petróleo e gás.
 
De acordo com a edição de terça-feira (15 de Fevereiro) do diário português Inevitável, o petróleo está a ser alvo de importante valorização, tendo o petróleo Brent alcançado na manhã de segunda-feira (14 de Fevereiro) os USD 96 por barril. Sem revelar dados numéricos, o matutino indica que também o gás já está a ser negociado em alta na Europa.
 
 
O cenário pode piorar caso Moscovo decida levar à cabo uma ofensiva contra Kiev, conforme alertam especialistas ouvidos pelo Inevitável. “Dentro de um contexto de mercado em que os preços têm subido devido a oferta ficar aquém da procura, uma invasão Russa da Ucrânia iria acentuar ainda mais essa dinâmica. É praticamente certo que tanto os Estados Unidos da América como a União Europeia, reagiriam através de sanções a exportações russas, incluindo o petróleo e o gás natural. Em tal cenário o preço do barril com certeza que ultrapassará os 100 dólares”, afirma Ricardo Evangelista, diretor executivo da ActivTrades Europe.
 
 
 
 
 
 
 
A importância económica dos vizinhos desavindos
 
 
Quer a Rússia, quer a Ucrânia, desempenham um papel-chave no xadrez económico do velho continente – mas não só – e um conflito entre ambos é, a todos os títulos, indesejável. A Rússia é responsável pelo fornecimento de 40% do gás consumido pelos países da União Europeia.
 
 
De resto, é no gás que reside uma das maiores preocupações daquele bloco regional, que até já afirmou estar à procura de alternativas, conforme assumiu, a 7 de Fevereiro, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. “Estamos construindo uma parceria para segurança energética com os Estados Unidos, principalmente sobre maior fornecimento de gás GNL. Estamos conversando com outros fornecedores de gás, por exemplo a Noruega, sobre maiores entregas para a Europa”.
 
 
Também o ministro das Relações Exteriores do Japão, Yoshimasa Hayashi, disse que o seu país vai fornecer gás natural liquefeito para a Europa no caso de uma invasão russa levar à escassez do recurso em toda a região, noticiou a CNN Brasil.
 
 
Um dos países que mais sairia prejudicado com uma eventual eclosão do conflito é a Alemanha, cujo chanceler, Olaf Scholz, deslocou-se a Moscovo na última segunda-feira para tentar desanuviar a tensão na fronteira entre Rússia e Ucrânia e, por esta via, também salvaguardar seus interesses energéticos.
 
 
Os interesses de Moscovo e Berlim convergem no “Nord Stream 2”, um projecto de gás que conectará Rússia à Alemanha através de um gasoduto de 1.230 km sob o Mar Báltico, com capacidade de 55.000 milhões de metros cúbicos de gás por ano, seguindo a mesma rota de seu irmão gêmeo, Nord Stream 1, activo desde 2012.
 
 
A Ucrânia, por sua vez, é um dos maiores celeiros da Europa, sendo, por isso, um importante fornecedor de matérias-primas como milho e trigo. Nestas circunstâncias, a guerra poderia afectar a capacidade de fornecimento aos mercados europeus, impulsionando, assim, o custo de vida.

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