Desde que movimentos de rua com cunho violento começaram, em Outubro do ano passado, o partido FRELIMO na província de Inhambane tem vindo a somar enormes prejuízos infraestruturais. Até ao momento, os supostos manifestantes já vandalizaram e incendiaram 16 infraestruturas, desde comités de círculo, zona, distritais e da cidade. A situação está a deixar preocupada a primeira secretária provincial desta formação política, que convocou a imprensa para condenar estes actos “macabros” e, ao mesmo tempo, apelar à população para não aderir às manifestações.
Texto: Anastácio Chirrute, em Inhambane
A violência que se verifica um pouco por todo o País continua a causar luto nas famílias e a retrair vários investimentos nacionais e estrangeiros. Os protagonistas são supostos apoiantes de Venâncio Mondlane, que alegam que tais actos são uma forma de exigir a reposição da “verdade eleitoral” e a redução dos preços dos produtos alimentares de primeira necessidade, bem como material de construção, visando o alívio do custo de vida.
Na província de Inhambane, o cenário é bastante preocupante. As manifestações intensificam-se nas últimas semanas um pouco por todos os distritos. Mesmo com a presença da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), que lança gás lacrimogéneo e dispara balas reais, os supostos manifestantes não aceitam dar um passo atrás.
Preocupada com esta situação, a primeira secretária do partido FRELIMO na província de Inhambane, Adélia Macuacua, convocou a imprensa na manhã da última sexta-feira, 28 de Fevereiro, para dizer “basta” a estes actos, que descreve como “macabros”, e, ao mesmo tempo, endereçar uma mensagem de solidariedade aos seus membros e simpatizantes que viram as suas sedes vandalizadas, saqueadas e incendiadas pelos malfeitores.
“Temos vindo a assistir com muita preocupação à vandalização das nossas sedes ao nível da província. Estão a incendiar muitos compartimentos e documentos que se encontram nesses locais”, lamentou, acrescentando: “Nós, como FRELIMO, gostaríamos de aproveitar esta ocasião para nos solidarizarmos, primeiro, com os nossos membros e simpatizantes e, depois, com a população em geral, porque não só vandalizam as sedes do partido FRELIMO, como também vandalizam instituições públicas e privadas que a população usa para vários serviços”.
Ao todo, os malfeitores vandalizaram e incendiaram cerca de 16 sedes, desde comités de zona e de círculo, distritais e da cidade. Deste número, três são comités de zona que foram totalmente destruídos, sendo de material precário, enquanto as restantes tiveram apenas alguns compartimentos vandalizados. A pronta intervenção das forças de defesa e segurança evitou o pior.
“Vamos continuar a construir e a reconstruir todas as sedes que foram vandalizadas. Confiamos na capacidade de mobilização dos nossos membros, dos nossos parceiros e também dos nossos simpatizantes. O dinheiro para a reconstrução vai sair da contribuição dos próprios membros”, afirmou Macuacua.
Distritos mais afectados
Govuro, Homoine, Inharrime, Morrumbene, Massinga, Jangamo e Maxixe são os distritos da província de Inhambane que não escaparam à acção maléfica dos supostos manifestantes. Vários estabelecimentos comerciais, incluindo algumas infraestruturas públicas e privadas, foram vandalizados, saqueados e incendiados.
As vias de acesso têm sido constantemente bloqueadas por todo o tipo de barricadas, impedindo a livre circulação de viaturas de um lado para o outro. Os mais prejudicados são estudantes, funcionários públicos e passageiros, que são obrigados a percorrer longas distâncias a pé para chegarem aos seus locais de ensino ou de trabalho.
Por ser notória a participação de crianças, adolescentes e jovens nsses actos, Macuacua apelou aos pais e encarregados de educação para serem mais vigilantes com os seus filhos, evitando que estes caiam em “falsas tentações”, cujo objectivo, segundo ela, é dividir o País.
“Queremos apelar também aos pais e encarregados de educação para que sejam mais vigilantes com os seus filhos, porque temos notado a participação de crianças e jovens nessas manifestações. Estão a praticar actos de vandalismo que só estão a retroceder o progresso e desenvolvimento da nossa província, bem como da economia”, sublinhou.
A FRELIMO garante que continuará a defender o diálogo pacífico como forma de resolver qualquer problema, mas também disse que é responsabilidade de todos trabalhar para que esta situação possa ser ultrapassada, pois tanto a FRELIMO como a população estão cansadas de acordar sem saber o que vai acontecer no dia seguinte.
“São em momentos como estes que a nossa capacidade de resiliência e determinação são colocadas à prova. Com isto, só temos a dizer que os nossos trabalhos políticos, como FRELIMO, vão continuar. Prova disso é estarmos aqui reunidos hoje para fazer a avaliação do desempenho dos nossos municípios. Queremos ver o que foi feito e o que falta fazer, para juntos desenharmos uma estratégia para resolver as preocupações dos nossos munícipes”, concluiu.
Refira-se que Adélia Macuacua falava a jornalistas na cidade da Maxixe, onde participou numa reunião dos municípios sob gestão do seu partido. O evento, que teve a duração de um dia, contou também com a participação de delegados e directores provinciais.