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EM MEIO À PRESSÃO: Filipe Guente defende a formação de técnicos localmente

Com quase quatro décadas de experiência no sector dos petróleos, adquirida em Moçambique e no estrangeiro — incluindo Angola, Portugal e Inglaterra —, o académico e escritor moçambicano Filipe Caetano Guente lançou, na última quarta-feira, 09 de Abril, a sua mais recente obra técnico-científica, intitulada Introdução à Indústria de Petróleo. Para Guente, o sucesso deste sector no País passa pela formação local de técnicos, para além da necessidade de se legislar.

Texto: Milton Zunguze

Tendo trabalhado durante 35 anos numa empresa nacional ligada ao sector petrolífero, nomeadamente a Petróleos de Moçambique (Petromoc), Filipe Guente não apenas acumulou conhecimento técnico como também desenvolveu um olhar crítico sobre os desafios estruturais que impedem o País de tirar maior proveito dos seus recursos naturais.

Para ele, o caminho para o sucesso da indústria petrolífera moçambicana passa, necessariamente, por um investimento sério na formação de técnicos nacionais. “Temos toneladas métricas de gás, por exemplo. Onde há gás, significa que também há petróleo. O País, além de se preocupar em legislar, devia, para mim, formar pessoas, porque temos recursos”, afirmou Guente, sublinhando que actualmente Moçambique não consegue explorar sequer 80% dos seus recursos, devido à dependência de técnicos estrangeiros.

Filipe Guente sugere ainda a criação de escolas especializadas no ramo petrolífero, citando como exemplo a instituição por onde passou. “Estive na Escola Central de Petróleos, em Angola, que tinha capacidade de formar quadros para toda a região. Nós também devíamos ter algo semelhante, porque temos recursos. Há países que possuem esses institutos, mas que nem sequer têm grandes promessas de recursos naturais como os nossos.”

O autor defende que Moçambique dispõe de quadros com capacidade para formar técnicos, e reconhece como passo positivo a introdução do curso ligado ao sector pela Faculdade de Engenharia da Universidade Eduardo Mondlane (UEM).

Uma forma de transmitir conhecimento

O académico considera que a publicação do seu livro é também uma forma de transmitir o conhecimento acumulado ao longo da sua carreira.

“Não quis desperdiçar o que aprendi durante quase quatro décadas. Esta é uma partilha com as gerações mais novas, um contributo técnico, didáctico, cultural e até social para formar o homem do amanhã.”

Segundo Guente, Introdução à Indústria de Petróleo visa preencher uma lacuna existente na literatura técnico-científica moçambicana. A obra destina-se sobretudo a iniciantes, estudantes e técnicos da área, fornecendo uma base sólida para quem deseje entender os fundamentos da indústria petrolífera.

“Para mim, esta obra é como se fosse uma espécie de ode às reservas de petróleo que há muito existem no nosso País, e que nos últimos anos têm vindo a ser reveladas pouco a pouco”, frisou Guente, acrescentando que a indústria petrolífera é universal e que o conteúdo da obra pode ser útil para qualquer profissional da área, dependendo da selecção e aplicação prática do conhecimento apresentado.

Guente afirma ainda que a obra vai além do simples registo e partilha de experiências, sendo igualmente um apelo à acção, à formação, à preparação e à capacitação da juventude moçambicana, para que seja protagonista na gestão dos recursos que pertencem ao País.  

“Quero contribuir em todos os aspectos de dimensão técnica, didáctica, cultural e social na formação do homem do amanhã, sobretudo dos jovens moçambicanos, para que se interessem em estudar e investigar os nossos recursos petrolíferos”, propõese.

A obra, patrocinada pela Petromoc, aborda aspectos essenciais da indústria petrolífera nacional, desde as primeiras indicações da ocorrência de petróleo e as prospecções iniciais nas bacias de Búzi, Pande e Temane.  A publicação cobre 145 temas, entre os quais se destacam: O historial da exploração petrolífera em Moçambique (1948–1976), incluindo o funcionamento da antiga refinaria de Lourenço Marques; as formações rochosas e hidrocarbonetos; noções de geodinâmica e prospecção petrolífera (offshore e onshore); magnetometria e refracção sísmica em alto-mar; tipos de jazigos, perfuração rotary, refinarias, instrumentação e salas de controlo; expedição e comercialização de produtos petrolíferos; serviços auxiliarem, manutenção e segurança petrolífera; comportamento do transporte de produtos acabados e segmentos upstream e downstream.

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