Entre discursos de aposta na diversificação e corredores cheios de negócios, a Agência do Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN) quis mostrar que o Norte de Moçambique já não é apenas sinónimo de desafios, mas também de oportunidades. Na 60.ª edição da FACIM, a agência apresentou o seu novo Sistema de Gestão de Projectos e trouxe trinta empresas das províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula, numa demonstração clara de que a região começa a ocupar o seu espaço no mapa económico do País.
Texto: Amad Canda
Segundo o Presidente do Conselho de Administração da agência, Jacinto Loureiro, a ADIN trouxe cerca de 30 expositores do Norte do País para apresentarem os seus produtos e serviços. “É uma forma de empoderamento e de criação de oportunidades para as empresas locais, colocando-as em contacto directo com novos mercados e potenciais investidores”, afirmou.
Sistema de Gestão de Projectos para Cabo Delgado, Niassa e Nampula
Um dos pontos altos foi a apresentação do Sistema de Gestão de Projectos do Norte, uma ferramenta digital que irá centralizar informação sobre todos os projectos em execução nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula. A plataforma permitirá identificar investimentos já realizados, áreas prioritárias e necessidades locais, evitando sobreposição de iniciativas e facilitando a coordenação institucional.
“Queremos que qualquer dirigente, gestor local ou cidadão tenha acesso, de forma simples, a dados como o número de escolas existentes, os custos de um determinado projecto ou o nível da sua execução. Esta transparência vai garantir maior eficiência e melhor coordenação entre todos os actores”, explicou Jacinto Loureiro, acrescentando que a fase de recolha de dados está em curso e que o sistema deverá estar operacional no início do próximo ano.
Carteira robusta de projectos e novos acordos
O PCA da ADIN sublinhou ainda que a instituição atravessa uma “fase bastante positiva”, fruto do reforço do seu estatuto legal e da abertura para mobilizar recursos directamente. Actualmente, a agência dispõe de uma carteira diversificada de projectos nas áreas da agricultura, turismo, indústria, infra-estruturas e cultura, com o apoio de parceiros como o Banco Africano de Desenvolvimento, o Banco Mundial, a TotalEnergies e várias agências das Nações Unidas.
Durante a FACIM estava prevista a assinatura de um memorando de entendimento com a TotalEnergies, no âmbito de um programa designado “Empregar”, que visa gerar postos de trabalho e promover o auto-emprego em sectores estratégicos. Apesar de o acto ter sido adiado por motivos de agenda, Loureiro garantiu que o acordo será formalizado em breve.
Foco no emprego e nos desafios estruturais
Falando ao Dossier Económico, o dirigente reiterou que a prioridade da ADIN é estimular o emprego e o auto-emprego, aproveitando as potencialidades do Norte em áreas como a agricultura, o turismo e a indústria. Contudo, reconheceu que persistem desafios significativos, desde a reconstrução de infra-estruturas afectadas pelo terrorismo em Cabo Delgado até às dificuldades de acesso rodoviário noutras províncias.
“Estamos conscientes de que o ambiente ainda é desafiante, mas é precisamente para isso que existimos: para coordenar esforços, melhorar acessos e criar condições para que o Norte do país se desenvolva de forma sustentável e integrada”, concluiu Jacinto Loureiro.
A 60.ª edição da FACIM decorreu até no domingo, em Ricatla, distrito de Marracuene, sob o lema “Promovendo a Diversificação Económica Rumo ao Desenvolvimento Sustentável e Competitivo de Moçambique”.