A província de Gaza destacou-se na 60.ª edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM), sobretudo pela perspectiva de um entendimento com o banco Nedbank que poderá transformar o panorama do sector agrícola local. Representantes da instituição bancária manifestaram, durante o certame, a intenção de apoiar financeiramente todos os jovens que decidam abraçar a agricultura como actividade principal, através de linhas de crédito adaptadas, fornecimento de insumos, acesso a maquinaria e mecanismos de apoio à comercialização. Para as autoridades provinciais, trata-se de uma oportunidade única para transformar um sector ainda dominado por pequenas explorações dependentes de capitais próprios, em empreendimentos com maior escala, capacidade de modernização e inserção nos mercados.
Texto: Milton Zunguze
A directora provincial da Indústria e Comércio, Lúcia Matimele, confirmou que as conversações estão em curso e sublinhou que, a concretizar-se, este modelo de financiamento poderá ter impacto estrutural no desenvolvimento económico de Gaza. No seu entender, trata-se de uma viragem com significado especial para a juventude, que encontra na agricultura um caminho de afirmação e sustento, mas esbarra frequentemente na falta de crédito e de meios para transformar a produção em negócio viável. O compromisso do Nedbank surge, assim, como um sinal de confiança e de aposta num futuro mais robusto para a província.
Essencialmente, a agricultura esteve no centro da participação de Gaza na FACIM, não apenas com a exibição de produtos tradicionais como arroz, hortícolas e gado bovino, mas sobretudo com a apresentação de projectos de maior alcance. A província apresentou a sua aposta na introdução do trigo, já cultivado em 150 hectares nos últimos dois a três anos, e destacou a ambição de instalar unidades de processamento local que permitam transformar matérias-primas em produtos de valor acrescentado. O objectivo é reduzir a dependência da exportação de produtos em bruto, estimular cadeias produtivas regionais e criar empregos qualificados. Durante a feira surgiram sinais de mercado: encomendas de sementes de trigo, propostas para revenda de arroz e manifestações de interesse em parcerias ligadas ao processamento agro-industrial. Matimele sublinhou que a prioridade é acelerar a transformação local da produção agrícola.
Sucesso e inovação na FACIM 2025
O dinamismo ficou evidente pelos números registados nos dois primeiros dias da feira: o pavilhão de Gaza recebeu 2.500 visitantes no primeiro dia e 7.800 no segundo. Foram registadas 17 intenções de negócio, incluindo propostas de revenda de arroz e encomendas de sementes de trigo. Produtos transformados em madeira, como mobiliário e outros materiais tratados, despertaram interesse e originaram intenções de compra durante a feira. Pela qualidade da sua prestação no ano passado, Gaza foi este ano distinguida como província de honra, acrescentando visibilidade e fortalecendo a confiança dos investidores. Entre os projectos inovadores destacou-se a produção de diesel a partir da casca da castanha de caju, com 240 toneladas exportadas para Itália no último ano, mostrando que resíduos agrícolas podem gerar valor económico e abrir espaço para energias alternativas. A aposta insere-se numa lógica de economia circular, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e posicionando Gaza como referência em soluções de energia limpa com potencial de exportação. A diversidade esteve também presente com a promoção da aquacultura e do turismo, incluindo o Parque Nacional do Banhine como destino de ecoturismo, acompanhado de iniciativas ligadas à hotelaria e ao lazer. Instituições de ensino superior locais também marcaram presença, sublinhando que a diversificação económica da província não se restringe ao campo, mas também a serviços e conhecimento.
Desafios persistentes
Apesar da procura registada e do entusiasmo dos investidores, persistem desafios estruturais: a logística e o transporte continuam a limitar o acesso directo a mercados externos, a capacidade de processamento local é insuficiente, e as cadeias de comercialização mantêm intermediários que reduzem margens de lucro. A ambição, contudo, é clara: ampliar a base de parceiros e aceder directamente a mercados externos. Hoje, por exemplo, a banana produzida em Gaza segue para a África do Sul antes de ser redistribuída para outros destinos, mas a meta é eliminar essa etapa e negociar directamente com os compradores finais.
A FACIM 2025 revelou-se, assim, uma plataforma de visibilidade e negociação estratégica para esta província do Sul do País. A promessa de apoio financeiro do Nedbank aos jovens agricultores surge como o ponto mais ambicioso, cujo impacto real dependerá da materialização em linhas de crédito efectivas, programas de capacitação e mecanismos de acompanhamento. Só assim se poderá avaliar se as intenções se traduzirão em desenvolvimento sustentável e transformador para Gaza.
Tete e Zambézia reforçam abertura a investimentos
Igualmente, e como não poderia deixar de ser, as províncias de Tete e Zambézia, da zona central do País, marcaram presença na FACIM, reiterando a sua disposição em acolher mais investimentos e apostar na valorização das potencialidades económicas e sociais.
O director da Indústria e Comércio de Tete, Ofélio Jeremias, sublinhou que a região é uma das mais diversificadas do País, com forte presença nos sectores do turismo, agricultura, pescas, recursos minerais e energia. “Temos muitos produtos, somos uma província de diversidade e com enorme potencial agrícola. Trouxemos um pouco de tudo, desde produtos processados, demonstrações de pesca, até à extracção de carvão mineral e ouro”, afirmou.
Jeremias acrescentou que Tete dispõe de espaços reservados em todos os distritos para a implantação de novas indústrias, eliminando um dos obstáculos mais comuns enfrentados pelos investidores. “Estamos prontos para acolher qualquer tipo de investimento. Além disso, o Governo aprovou recentemente incentivos fiscais que reduzem obrigações tributárias e simplificam a burocracia, tornando a província ainda mais atractiva”, reforçou, destacando que os desafios devem ser transformados em oportunidades.
Por seu turno, a directora da Indústria e Comércio da Zambézia, Regina Fernando Gonde, apresentou as potencialidades locais, destacando a força da agricultura e dos recursos minerais. “Para esta edição da FACIM, a Zambézia trouxe um leque diversificado de sectores, incluindo transporte, comunicação, florestas, indústria, agricultura, pescas e pecuária. O nosso grande destaque é o Instituto de Amêndoas de Moçambique, que acompanha as 70 empresas representadas”, explicou.
Gonde salientou que o principal objectivo da província é atrair investimentos que consolidem a transformação local de produtos e promovam a criação de valor. “Estamos aqui para estabelecer parcerias frutíferas que contribuam para o desenvolvimento sustentável da nossa província”, concluiu.ATRAVÉS DE FINANCIAMENTO BANCÁRIO: Gaza procura seduzir jovens para o sector agrícola
A província de Gaza destacou-se na 60.ª edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM), sobretudo pela perspectiva de um entendimento com o banco Nedbank que poderá transformar o panorama do sector agrícola local. Representantes da instituição bancária manifestaram, durante o certame, a intenção de apoiar financeiramente todos os jovens que decidam abraçar a agricultura como actividade principal, através de linhas de crédito adaptadas, fornecimento de insumos, acesso a maquinaria e mecanismos de apoio à comercialização. Para as autoridades provinciais, trata-se de uma oportunidade única para transformar um sector ainda dominado por pequenas explorações dependentes de capitais próprios, em empreendimentos com maior escala, capacidade de modernização e inserção nos mercados.
Texto: Milton Zunguze
A directora provincial da Indústria e Comércio, Lúcia Matimele, confirmou que as conversações estão em curso e sublinhou que, a concretizar-se, este modelo de financiamento poderá ter impacto estrutural no desenvolvimento económico de Gaza. No seu entender, trata-se de uma viragem com significado especial para a juventude, que encontra na agricultura um caminho de afirmação e sustento, mas esbarra frequentemente na falta de crédito e de meios para transformar a produção em negócio viável. O compromisso do Nedbank surge, assim, como um sinal de confiança e de aposta num futuro mais robusto para a província.
Essencialmente, a agricultura esteve no centro da participação de Gaza na FACIM, não apenas com a exibição de produtos tradicionais como arroz, hortícolas e gado bovino, mas sobretudo com a apresentação de projectos de maior alcance. A província apresentou a sua aposta na introdução do trigo, já cultivado em 150 hectares nos últimos dois a três anos, e destacou a ambição de instalar unidades de processamento local que permitam transformar matérias-primas em produtos de valor acrescentado. O objectivo é reduzir a dependência da exportação de produtos em bruto, estimular cadeias produtivas regionais e criar empregos qualificados. Durante a feira surgiram sinais de mercado: encomendas de sementes de trigo, propostas para revenda de arroz e manifestações de interesse em parcerias ligadas ao processamento agro-industrial. Matimele sublinhou que a prioridade é acelerar a transformação local da produção agrícola.
Sucesso e inovação na FACIM 2025
O dinamismo ficou evidente pelos números registados nos dois primeiros dias da feira: o pavilhão de Gaza recebeu 2.500 visitantes no primeiro dia e 7.800 no segundo. Foram registadas 17 intenções de negócio, incluindo propostas de revenda de arroz e encomendas de sementes de trigo. Produtos transformados em madeira, como mobiliário e outros materiais tratados, despertaram interesse e originaram intenções de compra durante a feira. Pela qualidade da sua prestação no ano passado, Gaza foi este ano distinguida como província de honra, acrescentando visibilidade e fortalecendo a confiança dos investidores. Entre os projectos inovadores destacou-se a produção de diesel a partir da casca da castanha de caju, com 240 toneladas exportadas para Itália no último ano, mostrando que resíduos agrícolas podem gerar valor económico e abrir espaço para energias alternativas. A aposta insere-se numa lógica de economia circular, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e posicionando Gaza como referência em soluções de energia limpa com potencial de exportação. A diversidade esteve também presente com a promoção da aquacultura e do turismo, incluindo o Parque Nacional do Banhine como destino de ecoturismo, acompanhado de iniciativas ligadas à hotelaria e ao lazer. Instituições de ensino superior locais também marcaram presença, sublinhando que a diversificação económica da província não se restringe ao campo, mas também a serviços e conhecimento.
Desafios persistentes
Apesar da procura registada e do entusiasmo dos investidores, persistem desafios estruturais: a logística e o transporte continuam a limitar o acesso directo a mercados externos, a capacidade de processamento local é insuficiente, e as cadeias de comercialização mantêm intermediários que reduzem margens de lucro. A ambição, contudo, é clara: ampliar a base de parceiros e aceder directamente a mercados externos. Hoje, por exemplo, a banana produzida em Gaza segue para a África do Sul antes de ser redistribuída para outros destinos, mas a meta é eliminar essa etapa e negociar directamente com os compradores finais.
A FACIM 2025 revelou-se, assim, uma plataforma de visibilidade e negociação estratégica para esta província do Sul do País. A promessa de apoio financeiro do Nedbank aos jovens agricultores surge como o ponto mais ambicioso, cujo impacto real dependerá da materialização em linhas de crédito efectivas, programas de capacitação e mecanismos de acompanhamento. Só assim se poderá avaliar se as intenções se traduzirão em desenvolvimento sustentável e transformador para Gaza.
Tete e Zambézia reforçam abertura a investimentos
Igualmente, e como não poderia deixar de ser, as províncias de Tete e Zambézia, da zona central do País, marcaram presença na FACIM, reiterando a sua disposição em acolher mais investimentos e apostar na valorização das potencialidades económicas e sociais.
O director da Indústria e Comércio de Tete, Ofélio Jeremias, sublinhou que a região é uma das mais diversificadas do País, com forte presença nos sectores do turismo, agricultura, pescas, recursos minerais e energia. “Temos muitos produtos, somos uma província de diversidade e com enorme potencial agrícola. Trouxemos um pouco de tudo, desde produtos processados, demonstrações de pesca, até à extracção de carvão mineral e ouro”, afirmou.
Jeremias acrescentou que Tete dispõe de espaços reservados em todos os distritos para a implantação de novas indústrias, eliminando um dos obstáculos mais comuns enfrentados pelos investidores. “Estamos prontos para acolher qualquer tipo de investimento. Além disso, o Governo aprovou recentemente incentivos fiscais que reduzem obrigações tributárias e simplificam a burocracia, tornando a província ainda mais atractiva”, reforçou, destacando que os desafios devem ser transformados em oportunidades.
Por seu turno, a directora da Indústria e Comércio da Zambézia, Regina Fernando Gonde, apresentou as potencialidades locais, destacando a força da agricultura e dos recursos minerais. “Para esta edição da FACIM, a Zambézia trouxe um leque diversificado de sectores, incluindo transporte, comunicação, florestas, indústria, agricultura, pescas e pecuária. O nosso grande destaque é o Instituto de Amêndoas de Moçambique, que acompanha as 70 empresas representadas”, explicou.
Gonde salientou que o principal objectivo da província é atrair investimentos que consolidem a transformação local de produtos e promovam a criação de valor. “Estamos aqui para estabelecer parcerias frutíferas que contribuam para o desenvolvimento sustentável da nossa província”, concluiu.




