O escritor Mia Couto e o músico Stewart Sukuma são os autores do hino oficial da residência artística internacional Resistir Para Existir, actualmente a decorrer em Maputo. A canção nasce de um processo colaborativo de pesquisa e recriação de ritmos tradicionais de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Portugal.
O espectáculo de encerramento está marcado para amanhã, 12 de setembro, no Centro Cultural Moçambique-China. Com guião assinado por Mia Couto e pelo cineasta Sol de Carvalho, que também assume a direcção geral da residência, a apresentação envolve mais de 50 participantes, entre artistas, técnicos e coordenadores.
Entre os destaques do evento está a participação da cantora e performer Xixel Langa, convidada especial. Reconhecida pela sua versatilidade, Xixel já se apresentou em palcos da China, França, Alemanha, Brasil, África do Sul e Taiwan, e colaborou com artistas como Jimmy Dludlu e Ladji Kante. É autora dos álbuns Inside Me (2017) e Vatekile (2023), e tem também um forte papel como activista e educadora, apoiando causas como a prevenção da violência baseada no género e a promoção dos direitos dos artistas em Moçambique.
Outro convidado de honra é Remna Schwarz, cantor, guitarrista e compositor com uma trajectória marcada pela diversidade cultural. Filho do lendário músico guineense José Carlos Schwarz e de mãe cabo-verdiana, Remna nasceu no Senegal e viveu em países como Congo, Mali, Guiné-Bissau, Cabo Verde, França, Cuba, Estados Unidos e Portugal. A sua música cruza influências rítmicas e instrumentos tradicionais como o bombolom, reflectindo uma identidade artística profundamente enraizada nas suas vivências. Entre os seus principais trabalhos estão os álbuns Saltana (2013), Zona Zero (2019) e Gaabu (2022). Remna também produziu músicas para artistas como Karyna Gomes, Eneida Marta e Fernando Ferreira, e participou em eventos internacionais, incluindo a estreia do filme Nome de Sana Na N’Hada no Festival de Cannes.
A residência artística teve início em 26 de Agosto e envolve jovens criadores em oficinas de música, dança, teatro e performance. Durante duas semanas, os participantes desenvolvem trabalhos colaborativos que transformam memórias de resistência política e social em criações artísticas contemporâneas.
Promovida pela Associação Cultural Scala de Moçambique, em parceria com a Khuzula, a residência faz parte do projecto Resistência e Afirmação Cultural, que conecta sete instituições de países lusófonos. A iniciativa tem como objectivo investigar e reinterpretar manifestações artísticas surgidas durante os processos de libertação dos PALOP e de Timor-Leste, bem como as lutas antifascistas em Portugal.
O projecto conta com o apoio do PROCULTURA, ação do programa PALOP–TL e UE, financiada pela União Europeia, cofinanciada e gerida pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P., e pela Fundação Calouste Gulbenkian. Conta ainda com o apoio estratégico do Ministério da Educação e Cultura de Moçambique e da Rede de Centros Culturais Portugueses nos PALOP, entre outros parceiros locais.




