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Sangue e destruição marcam 3ª fase da 4ª etapa em Inhambane

As manifestações em Moçambique, iniciadas no dia 21 de Outubro, intensificaram-se na província de Inhambane, com episódios de violência, destruição e repressão policial. Estas manifestações, convocadas por Venâncio Mondlane, candidato presidencial apoiado pelo PODEMOS, contestam os resultados eleitorais que deram vitória ao partido FRELIMO e ao seu candidato, Daniel Francisco Chapo.

Texto: Anastácio Chirrute em Inhambane

Os protestos começaram de forma pacífica, com os manifestantes empunhando cartazes e dísticos que expressavam frases como “Povo no Poder”. Cantavam e sopravam vuvuzelas, simbolizando a insatisfação popular. Contudo, o ambiente pacífico transformou-se em caos quando as forças de segurança, compostas pela Polícia de Protecção e pela Unidade de Intervenção Rápida, intervieram, disparando gás lacrimogéneo e balas reais para dispersar os manifestantes.

Nos distritos de Inhassoro, Massinga, Vilankulo, Jangamo e Inharrime, os protestos causaram bloqueios significativos, especialmente na Estrada Nacional Número 1 (EN1), que liga o país de norte a sul. Em Mangungumeta, no distrito de Inhassoro, manifestantes incendiaram infra-estruturas públicas e privadas, incluindo o comité do círculo do partido FRELIMO, a casa do chefe da localidade e a sede local e um posto policial.

Em Massinga, a sede distrital da FRELIMO foi vandalizada, e o carro da polícia escapou por pouco à destruição devido à colaboração dos agentes com os manifestantes, que utilizaram o veículo para se deslocar.

Os confrontos foram marcados por agressões físicas. Em Inhassoro, um agente da PRM foi gravemente ferido e as suas armas roubadas. Os manifestantes queimaram quatro armas do tipo AKM e destruíram documentos e bens ligados ao partido FRELIMO.

Denúncias contra a Sasol

Parte da insatisfação expressa pelos manifestantes relaciona-se com alegações de injustiça social por parte da multinacional Sasol, que explora gás natural em Pande e Temane. Segundo os protestantes, os lucros gerados pela exploração pouco ou nada beneficiam as comunidades locais, que continuam mergulhadas na pobreza.

Cinco pessoas foram detidas pela PRM em Inhassoro, acusadas de incitação à violência e vandalismo. Os detidos foram encaminhados ao Ministério Público para os trâmites legais.

Impacto nos transportes

A EN1 esteve bloqueada em diversos pontos. Motoristas e passageiros só conseguiam passar mediante o cumprimento das exigências dos manifestantes, como buzinar ou gritar frases de apoio às manifestações.

Contexto das manifestações

A actual onda de protestos é considerada uma das mais prolongadas e intensas da história de Moçambique. Diferente de manifestações anteriores, que frequentemente se limitavam a focos urbanos ou a curtos períodos, as actuais mobilizações revelam um descontentamento generalizado e persistente com o Governo da FRELIMO.

A repressão policial tem sido severa, mas, ainda assim, a população tem mostrado resistência. A extensão das manifestações demonstra um sentimento de indignação que transcende os resultados eleitorais e que se enraíza em questões como pobreza, corrupção e exclusão social.

Estas manifestações, marcadas pela destruição e pela repressão, reafirmam o descontentamento de uma parcela significativa da população e colocam em xeque a capacidade do Governo de responder às demandas sociais.

 

 

 

 

 

 

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