A escassos dias de completarem um mês no mercado, álbuns dos rappers moçambicanos Jay Argh e Laylizzy, “Reinaldo Frederico” e “Flor de Lis”, respectivamente, têm rendido vários elogios aos artistas. Os álbuns foram lançados nos dias 8 e 10 do mês de Fevereiro último e vêm atraindo milhares de fãs para as plataformas digitais.
Texto: Hélio de Carlos
2024 começou em alta no rap moçambicano, com dois dos maiores artistas nacionais a lançarem os respectivos trabalhos discográficos. Trata-se de Jay Argh e Laylizzy, que ao longo dos anos brindam seus admiradores, e não só, com músicas de elevada fasquia.
Não é por acaso, desde que se soube que ambos lançariam seus trabalhos em Fevereiro, a comunidade Hip-Hop não conseguiu esconder a ansiedade, que só chegaria ao fim na segunda semana, concretamente nos dias 08 e 10.
Homenagem a Ngungunhane
Naquele que é o seu primeiro álbum a solo, Jay Argh, ex-integrante da New Joint, presta uma homenagem ao imperador de Gaza, Ngungunhane, daí a escolha de Reinaldo Frederico como título do álbum, nome com que o heroi foi baptizado pelos colonialistas portugueses.
“Reinaldo Frederico” não é apenas um conjunto de músicas, mas uma narrativa musical que captura momentos significativos da vida de Ngungunhane e simboliza a prática histórica em que, em determinados períodos, as pessoas assumiam novos nomes por causa da colonização que Moçambique sofreu dos Portugueses.
O nome “Reinaldo Frederico” foi atribuído a Ngungunhane quando foi levado à força pelos portugueses para os Açores (Portugal). Ngungunhane, filho de Muzila e Yosiyo, neto de Manicusse ou Sochangana, desempenhou um papel importante na história do país e Jay Arghh busca com seu álbum imortalizar essa figura histórica.
O álbum chega depois dos EPs “Lótus” e “Yasuke”. Segundo conta o artista, a ideia do nome surge por conta de um factor que o mesmo considerou interessante na altura, aliado ao facto deste gostar de dar títulos exorbitantes e que contam uma determinada história, como aconteceu na sua última EP – Yasuke.
Lembre-se que Yasuke foi o primeiro e único Samurai africano, sendo que também era moçambicano. Um dos factos ainda por destacar é que Jay Arghh procura trazer em suas obras histórias e ou factos da sociedade moçambicana através de suas músicas e ou projectos.
“Então, o nome do álbum simboliza o que se passou numa determinada altura, quando foi-lhe tirada a identidade. Ou seja, Ngungunhane passou o resto da sua vida no exílio em Portugal, aprendeu a ler e escrever e foi convertido à força ao cristianismo e, por consequência, baptizado com o nome de Reinaldo Frederico Gungunhane”, descreve o autor em um teaser.
“O Leão de Gaza” morreu vítima de hemorragia cerebral, a 23 de Dezembro de 1906. Foi o último rei de Gaza e resistiu à ocupação colonial de Portugal. Um século depois da sua morte, Ngungunhane tornou-se um símbolo da resistência moçambicana.
Lay lizzy apresenta-se diferente em seu álbum
Dois dias antes de Jay, isto é, aos 8 de Fevereiro, o rapper Laylizzy lançara o álbum intitulado “Flor de lis” em diversas plataformas digitais. Composto por 13 faixas, o álbum “Flor de lis” conta com a participação dos artistas moçambicanos Mark Exodus, Valentino De La Vega, King Cizzy, Nicko Journey e Djimetta, e do angolano Deezy.
Diferente das músicas que o tornaram numa grande estrela do hip-hop africano, Laylizzy optou por cantar todas as faixas deste álbum em português, e não em inglês, mostrando a sua versatilidade artística.
O álbum “Flor de lis” já conta com dois vídeos, sendo que o primeiro é da música “Água Benta”, lançado em 2023, e o segundo tem como título “Trouxa” e foi lançado recentemente.
“Flor de Lis” de Laylizzy tem gerado reacções mistas entre os ouvintes moçambicanos e vai-se mantendo no topo dos mais ouvidos em Moçambique em algumas plataformas digitais.