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Aniano Tamele revisita passado com “África”

Chegou a circular, no ano passado, um cartaz dando conta do lançamento do segundo álbum de Aniano Tamele. No entanto, não foi o que se viu. O atraso na chegada dos discos fez com que o Centro Cultural Franco Moçambicano acabasse por acolher um concerto genérico, ainda assim inolvidável, como é apanágio do autor de “Tsunela Papai”. À segunda é de vez, assegura o músico, que escolheu o recinto do Porto de Maputo para “regressar ao passado”.

Texto: Amad Canda

Quem disser que o passado não condiciona o futuro estará, certamente, a fazer tudo, mas não a falar a verdade. A história de “África”, nome atribuído ao disco que Aniano Tamele vai apresentar aos seus fãs e admiradores esta terça-feira, 03 de Outubro, é disso prova concreta.

Para começar, a música que dá título ao álbum foi gravada em 1989, numa altura em que Moçambique estava a braços com uma guerra fratricida opondo os homens armados da Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO) ao Governo liderado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). O cenário a nível da região austral não era de todo diferente.

“Eu falava das mazelas da guerra naquela época a nível da região. Tínhamos Moçambique em guerra, Angola em guerra, Namíbia em guerra, África do Sul com o Apartheid”, descreve o músico, assinalando que, como consequência, milhares abandonaram seus países de origem em busca de segurança e paz.

Em seus novos lares, muitos encontraram melhores condições de vida e alcançaram a prosperidade, convertendo-se em importantes homens de negócios, da ciência, das artes, entre outras “especialidades”. Volvidos mais de 30 anos, e estando a região relativamente estabilizada, o músico entende ser altura certa para que retornem à terra-mãe para ajudá-la a atingir outros patamares de desenvolvimento.

Com apoio do músico sul-africano Sam Ndlovu, Tamele conclama os seus correligionários a voltarem para casa, num som que tem “Kaya África” como título.

O contraste entre a melancolia e o roncar do “Stimela”

Nesta “viagem no tempo”, Aniano Tamele quis ter uma voz “agressiva”, mais “incisiva”, que contrastasse com a sua, que o próprio descreve como “melancólica”. A escolha recaiu sobre Sam Ndlovu, do mítico grupo sul-africano Stimela. Ndlovu já se encontra em Moçambique e, ao Dossiers & Factos, revelou que o convite chegou por via de Bernardo Domingos, o principal produtor de “África”.

A chamada aos africanos para que regressem à sua terra é mais do tempestiva e esse facto, aliado à execução magistral da própria canção, impressionou-o, garante o artista, que assume ter um apreço especial por Moçambique, muito por influência de um dos seus mentores, que também integrou a banda Stimela.

Evoluir sem perder identidade

Os espectadores que acorrerem ao recinto do Porto de Maputo poderão surpreender-se com a sonoridade das 13 faixas que compõem o segundo trabalho discográfico de Aniano Tamele. “Procurei trabalhar com artistas de muita actualidade, a começar pelo produtor do disco, que é o Bernardo Domingos”, diz Tamele, que quis ter no disco uma “sonoridade actual com uma perspectiva internacional”.

De resto, o artista não esconde o desejo de internacionalizar sua carreira, o que não passa necessariamente por ir ao estrangeiro, mas também pelo estabelecimento de parcerias com músicos internacionais.

Um dado, porém, é certo. Aniano Tamele não renuncia à sua identidade, garante-o o próprio, mas também o seu produtor, para quem a diferença entre o primeiro disco e o actual é a liberdade que teve agora de “abrir mais os horizontes”.

A parceria entre Bernardo Domingos e Aniano Tamele, dois confessos perfeccionistas, dura já há anos, não tivesse o talentoso produtor trabalhado, em 2018, na concepção do “Tsunela Papai”.

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