Numa altura em que caminhamos a passos largos para o início da campanha eleitoral no âmbito das eleições gerais do presente ano, soam os alarmes no partido Frelimo, com vários camaradas preocupados com uma alegada insuficiência de material propagandístico. Alertado por alguns membros, Dossiers & Factos visitou a loja de vestuário da Frelimo no Maputo Shopping (segundo andar) e constatou que contam-se a dedos as camisetas, bonés e bandeiras disponíveis. Tentámos ouvir os funcionários, mas estes não quiseram falar, apesar de estarem insatisfeitos, até porque estão há muito tempo sem salários.
Esta realidade, inédita ao nível desta formação política, resulta, segundo apurámos, do facto de, nos últimos anos, a Frelimo ter sido supostamente assaltada por “abutres” internamente conhecidos como “camaradas nhonguistas”, que simplesmente açambarcaram o papel da SPI, a holding do partido, que outrora era responsável pela produção de vestuário.
Outrora, as lojas, naturalmente integradas na holding, produziam o material de campanha, ou seja, eram responsáveis pela indumentária do partido. No entanto, com a chegada dos “nhonguistas”, que privilegiam a produção autónoma dos artigos, usando vezes sem conta o mercado chinês – como aconteceu com as camisetas que eram destinadas a Roque Silva –, as lojas ressentem-se porque viram o seu papel “roubado”.
Na loja localizada no Comité Central (Sommerschield), por exemplo, até existe algum material, mas poucos ou quase ninguém se aproxima.
Esta situação também afecta directamente os históricos. É que consta-nos que, nas vésperas das campanhas, a holding, através das lojas, não só garantia o envio atempado das vestes para as bases, como destacava equipas para as residências dos históricos do partido a fim de tirar as medidas para, posteriormente, dar-lhes material ajustado ao seu corpo.
Camaradas que contactaram Dossiers & Factos temem que esta situação prejudique a campanha da Frelimo e do seu candidato, Daniel Chapo.
