O Tenente-General Bertolino Capitine, vice-chefe do Estado-Maior General, foi exonerado esta quinta-feira, 04 de Outubro, um dia após ter publicamente criticado o Conselho Nacional de Defesa e Segurança por não ter declarado guerra face à situação de conflito em Cabo Delgado. As declarações do oficial surgiram durante uma palestra, onde expressou a sua frustração com a forma como o Governo está a lidar com a insurgência na região.
Capitine foi mais longe, criticando o excesso de responsabilidades atribuídas à Polícia da República de Moçambique (PRM) neste cenário de guerra, destacando que a polícia não está preparada para enfrentar operações militares complexas. “O nosso sistema é paramilitar, a polícia não foi treinada para ofensivas, contra-ataques e regras de empenhamento. Estamos a sacrificar os nossos companheiros em tarefas que não lhes pertencem”, afirmou.
Ele também sublinhou que a falta de preparação adequada para unidades como a Unidade de Intervenção Rápida (UIR) compromete a eficácia das operações no terreno. “Houve um esforço para equipar a UIR, mas a formação não foi suficientemente robusta. Agora, onde está essa UIR que resolvia conflitos em minutos? Falhou-se na estratégia ao colocá-la em missões para as quais não foi treinada”, disse Capitine, referindo-se à diminuição da capacidade de resposta da unidade.
As suas críticas, especialmente num momento delicado para a segurança nacional, resultaram na sua exoneração imediata, apenas 24 horas após emiti-las.