A noite de terça-feira, 17 de Outubro, foi marcada por um horrendo ataque ao Hospital Al Ahly, na Faixa de Gaza, matando mais de 500 pessoas, incluindo crianças e mulheres grávidas.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, foi lesto a imputar a acção aos “bárbaros terroristas em Gaza”. Netanyahu seria secundado pelas Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), com a alegação de que o incidente resultou de falha no lançamento de um foguete do grupo Jihad Islâmica.
Contudo, uma gafe do assessor do regime de Telavive corrói a narrativa que os israelitas tentam “vender”. Hananya Naftali anunciou no Twitter – actual X – que a Força Aérea israelita havia atingido uma “base dos terroristas do Hamas num hospital em Gaza”.
Poucos minutos depois, a publicação era eliminada e substituída por outra alinhada à versão oficial.
A Organização Mundial da Saúde, por sua vez, também emitiu uma nota que coloca em causa a cartilha do governo de Netanyahu, ao assegurar que o Hospital Al Ahly está entre os 20 do norte da Faixa de Gaza que “que recebiam ordens de evacuação dos militares israelitas”.
“A ordem de evacuação tem sido impossível de ser executada dada a actual insegurança, o estado crítico de muitos pacientes e a falta de ambulâncias, pessoal, capacidade de leitos do sistema de saúde e abrigo alternativo para eles”, lê-se na mesma nota.
Por outro lado, vários especialistas militares recordam que, quer o Hamas, quer a Jihad Islâmica, usam foguetes de fabrico caseiro e, portanto, com potencial destrutivo bem menor quando comparados ao que atingiu aquela unidade sanitária, por sinal a mais antiga da região.
Apoio ocidental inabalável. Árabes revoltados
Não obstante a existência de indícios no mínimo comprometedores, Israel passa incólume a críticas por parte das potências ocidentais. À sua chegada àquele país, na manhã de hoje, o presidente norte-americano, Joe Biden, reafirmou apoio aos israelitas, acusando “o outro lado” de ser responsável pelo ataque ao hospital.
No mesmo diapasão já se tinha pronunciado, na noite de ontem, Olaf Scholz. Acabado de regressar ao seu país, o chanceler alemão lamentou o “terror brutal”, antes de sublinhar que “Israel tem direito a defender-se”.
Em sentido contrário, os países árabes estão indignados com Israel. Os governos do Irão, Síria, Arábia Saudita, Egipto, Jordânia, Turquia e Qatar, para além do da própria Palestina, responsabilizam a Força Aérea israelita pelo sucedido.
No Médio Oriente, aumentam temores de que o conflito se possa alastrar, mais ainda após a enigmática publicação da embaixada do Irão na Síria nas redes sociais, segundo a qual “o tempo acabou”.
A recente escalada do conflito entre Israel e Palestina já provocou mais de três mil óbitos, na sua maioria civis indefesos. Amad Canda