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EDITOTRIAL: Ossufo Momade e a corrida contra o tempo

O presidente da Renamo, Ossufo Momade, iniciou finalmente a sua campanha para as eleições gerais de 2024, com uma semana de atraso. Este atraso, num momento em que o cenário político moçambicano se revela mais competitivo e incerto, levanta questões importantes sobre o impacto que esta demora poderá ter na sua candidatura e, consequentemente, no desempenho do seu partido nas urnas.

Num contexto em que a Frelimo, tradicionalmente forte e bem organizada, continua a ser uma ameaça robusta, e onde novos actores políticos, como Vênancio Mondlane e o seu partido Podemos, emergem como desafios reais, a Renamo não se pode dar ao luxo de deslizes estratégicos. A entrada tardia de Ossufo Momade na corrida eleitoral pode ser vista, por muitos, como um sinal de desorganização ou falta de estratégia, o que poderá ter repercussões graves na percepção do eleitorado.

Uma semana pode parecer pouco tempo num calendário eleitoral, mas num cenário político volátil como o moçambicano, cada dia conta. Durante este período, os outros candidatos estiveram no terreno, estabelecendo contacto com as bases, reforçando a sua presença e solidificando as suas mensagens junto do eleitorado. O atraso de Momade pode significar uma perda significativa de tempo e terreno, que será difícil recuperar.

Este atraso também pode ser interpretado como uma falta de compromisso ou de prontidão por parte de Momade, o que é um risco numa eleição onde a mobilização e o entusiasmo dos eleitores são cruciais. Num contexto onde Vênancio Mondlane, com o Podemos, está a ganhar terreno, especialmente entre os jovens e os desiludidos com a política tradicional, a Renamo precisa de estar mais vigilante do que nunca. Qualquer sinal de fraqueza ou hesitação pode ser explorado pelos adversários para desviar votos preciosos.

Vênancio Mondlane, com a sua imagem de renovação e promessas de mudança, representa uma ameaça significativa para a Renamo. Podemos, o seu partido, tem vindo a captar a atenção de um eleitorado jovem e urbano, que anseia por uma alternativa à política tradicional. Mondlane tem a capacidade de atrair não apenas os eleitores insatisfeitos com a Frelimo, mas também aqueles que se sentem desencantados com a Renamo.

Se Ossufo Momade e a sua equipa não conseguirem recuperar o tempo perdido, poderão ver uma parte do seu eleitorado migrar para as fileiras de Mondlane. A falta de uma presença constante e enérgica no terreno durante os primeiros dias de campanha pode dar a impressão de que a Renamo está a perder o ímpeto e, com ele, a sua capacidade de liderar uma oposição eficaz.

Não se pode falar de eleições em Moçambique sem mencionar a Frelimo, que continua a ser um adversário poderoso e bem financiado. Mesmo com o desgaste natural de décadas no poder, a Frelimo mantém uma base sólida de apoio e uma máquina eleitoral eficaz. Para Ossufo Momade, qualquer fraqueza ou atraso na campanha pode ser explorado pela Frelimo para consolidar ainda mais o seu domínio.

A Frelimo, com a sua experiência e recursos, está bem posicionada para capitalizar sobre qualquer erro ou atraso da Renamo. Se Momade não conseguir mobilizar rapidamente a sua base e recuperar o tempo perdido, poderá ver a Frelimo consolidar a sua posição, não apenas nas presidenciais, mas também nas legislativas e nas assembleias provinciais.

Neste ponto, é crucial que Ossufo Momade reforce a sua presença no terreno e que a Renamo apresente uma estratégia clara e convincente para os próximos dias de campanha. O foco deve estar na mobilização dos eleitores, especialmente nas áreas onde a Renamo tem tradicionalmente sido forte, e em contrastar de forma eficaz a sua mensagem com a de Vênancio Mondlane e da Frelimo.

A Renamo precisa de recuperar rapidamente o tempo perdido, demonstrando que está preparada para liderar e oferecer uma alternativa viável ao eleitorado moçambicano. Se Momade e a sua equipa conseguirem superar este atraso inicial e mobilizar de forma eficaz, ainda poderão virar a maré a seu favor. Contudo, se não o fizerem, o preço do atraso poderá ser alto demais para a Renamo pagar, com consequências que se farão sentir muito além de 2024.

O atraso no início da campanha de Ossufo Momade é um risco que pode custar caro à sua candidatura e ao futuro da Renamo. Num cenário onde a Frelimo continua forte e Vênancio Mondlane se posiciona como um concorrente sério, cada erro estratégico pode ser fatal. A Renamo precisa de agir rapidamente para evitar que este atraso se torne um ponto de não-retorno, comprometendo as suas chances de sucesso nas eleições gerais de 2024.

Texto extraído na edição 577 do Jornal Dossiers & Factos

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