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Hegemonia do Ocidente com dias contados

Henry Olsen, escritor e colunista do Washington Post, alerta para a possibilidade de a hegemonia do Ocidente estar a caminho do fim. Um indício disso é a ineficácia das sanções impostas à Rússia, em razão da invasão à Ucrânia.

Texto: Dossiers & Factos

Em um artigo intitulado “Este é o último hurra da aliança ocidental?”, Olsen alerta para a possibilidade de a actual “guerra económica”, movida pelo Ocidente, poder ser o seu “canto do cisne”.

Em causa, explica o articulista, está o facto de haver um conjunto de países fora da influência ocidental a registarem um crescimento económico assinalável, contrariando a curva descendente dos Estados Unidos da América e da União Europeia.

“O poder económico foi o que permitiu que a Europa e os Estados Unidos dominassem o globo. O desenvolvimento da ciência moderna e a Revolução Industrial deram à Europa e sua ramificação americana a capacidade económica de implantar um poder militar avassalador, permitindo-lhes envolver a maior parte do planeta em sua esfera de influência, muitas vezes forçando nações como a China à submissão”, argumenta.

Henry Olsen, em 1950, os Estados Unidos sozinhos tinham um produto interno bruto maior em paridade de poder de compra do que China, Índia e Rússia juntos. Este poderio económico, associado ao dos países membros da Organização do Tratado Atlântico Norte, permitiu ao Ocidente ditar as regras no mundo, mais ainda depois do colapso da União das Segundo Repúblicas Socialistas Soviéticas.

Pouco mais de duas décadas depois, o cenário transformou-se. Oslen faz notar que, em 2020, as nações ocidentais produziram apenas 60,4% do PIB global, bem abaixo dos 79,4% registados em 2000.

“Essas tendências provavelmente continuarão. Se nos concentrarmos apenas nas 30 maiores economias, o Fundo Monetário Internacional estima que as nações que sancionam a Rússia actualmente representam 64,9% da produção económica. Até 2027, projecta que esse número cairá para 58,5%”, alerta o escriba.

O fundamental para estas mudanças tem sido a ascensão da China, Índia e de mais uma data de países que vão crescendo mais rápido que o Ocidente, assinala Henry Olsen.

A piorar a situação está o desalinhamento ideológico entre o Ocidente e os países em desenvolvimento, em torno de algumas matérias fracturantes. Por exemplo, O Brasil vê na Amazónia uma importante base de desenvolvimento, mas isso contraria a agenda climática deveras defendida pelo Ocidente, o que poderá aproximar ainda mais os brasileiros do bloco liderado pela Rússia.

Segundo Henry Olsen, o mesmo poderá acontecer com a Nigéria, país predominantemente muçulmano, que criminaliza o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o que também causa irritação no Ocidente. Ter Nigéria como aliada é importante, defende a fonte, fazendo notar que o país será uma das 15 maiores economias do mundo e a maior da África até 2040.

Ao longo de vários anos, o Ocidente manteve vários países reféns, jogando com o facto de ser provedor de financiamento dos vários projectos de desenvolvimento. Neste aspecto, lembra, já há caminhos menos exigentes.

“A ascensão da China significa que essas nações terão uma alternativa para fundos de desenvolvimento e exportação de produtos. E os autoritários da China certamente não exigirão que seus aliados adoptem reformas de direitos humanos”, alerta, antes de fazer soar alarmes: “A menos que nos adaptemos agora e nos preparemos para o futuro, a actual resposta conjunta à Rússia pode ser o canto do cisne do Ocidente”.

 

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