Mais de 200 famílias que vivem no bairro Matingane, no distrito de Massinga, na província de Inhambane, estão já há uma semana a dormir às escuras, na sequência da vandalização de um posto de Transformação (PT) por indivíduos até aqui desconhecidos. Os moradores vivem um verdadeiro drama. Circular pelo bairro na calada da noite tem sido grande pesadelo, uma vez que os criminosos aproveitam-se da escuridão da noite para violar sexualmente as vítimas ou furtar os seus bens. Velas e lanternas são a única alternativa usada para iluminar as barracas. O problema é do conhecimento da EDM, que, num comunicado enviado à nossa equipa de reportagem, garantiu que decorre a mobilização de recursos para repor o equipamento vandalizado com vista a assegurar o restabelecimento do fornecimento normal de energia eléctrica, com a maior brevidade possível, aos clientes afectados.
Texto: Anastácio Chirrute, em Inhambane
É um problema que já está a criar enormes prejuízos no seio dos moradores do bairro Matingane, no distrito de Massinga, província de Inhambane. Há uma semana que as famílias dormem às escuras na sequência da vandalização de um poste de transformação de energia, vulgo PT. Os autores são indivíduos até aqui desconhecidos.
Fala-se de mais de 200 famílias que estão privadas da corrente eléctrica e obrigadas a recorrerem a vias alternativas, como, por exemplo, velas ou lanternas, para iluminação das suas barracas. O medo, segundo as fontes, é que os electrodomésticos sofram alguma avaria, acumulando mais prejuízos.
O furto de material da EDM acontece numa altura em que as autoridades policiais têm-se empenhado no combate a este tipo de crime, que, para além de prejudicar a empresa, retarda o desenvolvimento do País.
Os malfeitores, com recurso a instrumentos contundentes, retiraram o cobre que tinha sido enterrado para alimentar o PT, causando danos enormes à empresa.
Prejuízos enormes
Rabeca Massingue tem 50 anos de idade e vive naquele bairro há mais de 20 anos. É uma das vítimas e conta que nunca tinha visto um apagão do género antes. Por conta desta situação, viu-se obrigada a jogar para o lixo quase toda a comida que havia conservado no seu congelador, alegadamente porque a mesma já estava deteriorada devido à falta da corrente eléctrica.
“Estamos mal aqui. A nossa vida virou um inferno. Não temos energia e a EDM nada faz para resolver o problema. Na minha casa já nem sabemos o que é beber água gelada e não sei se o meu congelador ainda funciona ou não. Se for até à lixeira da minha casa, há-de encontrar restos de comida que deitamos porque já estava podre”, lamentou.
Segundo as fontes, a falta da corrente eléctrica transformou o bairro num campo de malfeitores, que se aproveitam da escuridão da noite para agredir e violar sexualmente as vítimas e depois furtar os seus bens.
Alfredo Unguane tem lembranças não muito boas. Ouviu, pela madrugada, sua vizinha ser agredida e violada sexualmente por criminosos. Só não perdeu a vida porque conseguiu gritar até que os vizinhos a ouvissem e, de imediato, fossem, em massa, socorre-la, causando a debandada dos criminosos.
A mesma fonte conta ainda que, nas noites, já não se pode circular porque os malfeitores cercam o bairro na perspectiva de assaltar suas vítimas. Muitas vezes, as pessoas dormem com olhos abertos por medo de serem assaltadas nas suas residências, num cenário de absoluta falta de patrulhamento.
“Não estamos a dormir à vontade por estes dias. A escuridão atrai ladrões e é isso que está a acontecer aqui por esses dias em que não temos corrente eléctrica. Somos roubados. Eu, pessoalmente, ouvi uma a vizinha ser violada sexualmente por desconhecidos. Na altura, ela voltava do seu posto de trabalho. Por sorte, ela conseguiu gritar e os vizinhos afluíram em massa e conseguiram salvá-la. Não foi possível deter os violadores, porque logo que se aperceberam da presença da população puseram-se em fuga”, contou.
EDM mobiliza recursos
Num comunicado enviado à nossa equipa de reportagem, a empresa EDM reconhece serem justas as inquietações apresentadas pelas vítimas, porém, garante que, neste momento, decorre a mobilização de recursos para a reposição do equipamento vandalizado, com vista a assegurar o restabelecimento do fornecimento normal de energia eléctrica com a maior brevidade possível aos clientes afectados.
No mesmo comunicado, a EDM lamenta os transtornos que esta situação está a causar e apela à vigilância comunitária e à denúncia de qualquer acto que atente contra a integridade das infra-estruturas eléctricas, e adverte que a vandalização de equipamento eléctrico é crime e atrasa o alcance da meta da empresa de garantir o acesso universal à energia, até 2023.
Vale recordar que, na semana finda, a polícia em Inhambane apresentou um indivíduo de aproximadamente 30 anos de idade encontrado na posse de cinco sacos de material supostamente furtado na EDM.