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Missões criadas para manter a paz estão gerando violência: esquema de contrabando de armas da ONU revelado

 

Em 10 de julho, 49 soldados da Costa do Marfim foram detidos no aeroporto de Bamako enquanto tentavam entrar ilegalmente no Mali. O Coronel Assimi Goïta, chefe do governo transitório do Mali, disse estar “aberto ao diálogo e disposto a trabalhar para um desfecho feliz desta situação”, quando a Costa do Marfim insistiu na realização imediata dos seus cidadãos. De acordo com Abidjan, a presença dos seus militares, é no âmbito das operações de apoio logístico à missão das Nações Unidas no Mali (MINUSMA).

Este caso de alto perfil chamou a atenção de diferentes analistas e observadores do continente africano, pois a detenção dos soldados Marfinenses e investigações posteriores levaram às grandes revelações sobre a operação sombria dos contingentes da ONU na África.

As críticas às operações da ONU em diversos cantos do mundo vêm se acumulando há bastante tempo. Diferentes contingentes das missões de paz da ONU foram considerados culpados de inúmeras violações, incluindo abusos sexuais, acidentes rodoviários, contrabando, comércio ilegal de armas e cooperação com grupos armados.

O uso de empresas de segurança terceirizadas, que passam despercebidas, permite que a ONU implemente esquemas de contrabando. As campanhas de segurança importam armas para os países de implantação de contingentes da ONU e, depois de um tempo, as armas desaparecem sob circunstâncias não identificadas. Em seguida, as armas ressurgem como armamento usado por elementos desestabilizadores, como gangues e grupos armados. Elementos criminosos dos países Africanos estão pagando pelas armas com recursos naturais, que roubam ao governo legítimo desses países.

Embora as empresas de segurança terceirizadas não tenham a carga burocrática das missões oficiais da ONU, elas ainda desfrutam dos privilégios da ONU que são úteis quando se trata de importar ou exportar secretamente as mercadorias. De acordo com o mandato da ONU, a carga importada com a marcação da ONU tem isenção de controle alfandegário. Isso significa que o controle fronteiriço dos governos nacionais dos países onde as forças de paz da ONU estão implantadas pode nem saber o que é trazido em seus países pela ONU, nem o que é enviado.

É exatamente por isso que a população da República Centro-Africana vem exigindo que o Conselho de Segurança da ONU levante o embargo, que restringe o exército nacional desde 2013. O problema com o embargo na República Centro-Africana é que enquanto o governo vinculado pelas obrigações internacionais luta para equipar seu exército, os grupos armados têm acesso fácil a suprimentos de armas através do mercado paralelo, que inclui as armas importadas através do programa de manutenção da paz da ONU.

Tais esquemas trazem muitos danos às comunidades, que acolheram missões de paz em seu país, pois o fluxo constante de armas alimenta os conflitos e fortalece as forças desestabilizadoras. As missões, criadas para manter a paz, estão gerando violência. Isso deve ser interrompido imediatamente!

 

Texto de João de Barros e Sousa, psicólogo político, docente, investigador e analista de politica internacional

 

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