Liz Truss confirmou esta quinta-feira, 20 de Outubro, a sua renúncia ao cargo de primeira-ministra do Reino Unido, apenas 45 dias depois de ter assumido o posto. A sucessora de Boris Johnson tornou-se a chefe do governo menos longeva da Grã-Bretanha e a sua queda está relacionada com as políticas económicas.
Texto: Dossier Económico
É a bomba da semana na Europa. Liz Truss não é mais a primeira-ministra do Reino Unido. A substituta de Boris Johnson, que também seguiu o mesmo caminho, foi vítima das suas políticas económicas, que não terão convencido os mercados, dando azo a uma enorme pressão, reportam vários órgãos internacionais.
Há poucos dias, Truss afirmou que era uma “lutadora”, sugerindo que resistirá às pressões movidas pelos mercados e pelos próprios correligionários do Partido dos Conservadores. Contudo, rendeu-se às evidências na quinta-feira, e, discursando na Down Street – a residência oficial dos primeiros-ministros britânicos, assumiu que “”dada a situação, não posso cumprir o mandato pelo qual fui eleita”.
O programa económico apresentado pelo ex-ministro das Finanças de Truss, que caiu antes, incluía um corte de impostos de bilhões de libras, beneficiando, sobretudo os mais afortunados. Previa também um aumento nos empréstimos do governo britânico.
“O anúncio causou muita confusão e temor no mercado financeiro, derrubando o valor dos títulos de dívida e da libra esterlina, que chegou ao menor valor da história no fim de Setembro e se aproximou da paridade com o dólar”, assinala o Inset.
“A queridinha da direita”
De 47 anos de idade, Truss é descrita pela BBC como a “queridinha” da direita conservadora que prometia pôr em marcha um verdadeiro programa liberal da economia, encolhendo o Estado.
Foi, aliás, por conta destas ideias que granjeou a simpatia dos membros do seu partido, que a escolheram para dirigir o executivo britânico, em substituição do seu correligionário, o polémico Boris Johnson.
Ela fez campanha pela permanência do Reino Unido na União Europeia no referendo de 2016, e chegou a escrever no The Sun que o Brexit seria “uma tragédia tripla – mais regras, mais formulários e mais atrasos ao vender para a União Europeia”.
A verdade é que, depois de consumada a saída, Truss suavizou sua posição e passou a ver no Brexit uma oportunidade de “mudar a maneira como as coisas funcionam”.
Liz Truss bateu o recorde de George Ganning como protagonista do mandato mais curto da história do Reino Unido. Em 1827, Ganning passou apenas 119 dias à frente do governo britânico.