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Rússia vs Ucrânia: dois anos de uma guerra que ridiculariza o ocidente

A guerra entre a Rússia e a Ucrânia completou no sábado, 24 de Fevereiro, o seu segundo aniversário, e, ao que parece, o cenário da paz ainda não está no horizonte. 24 Meses e muitas mortes depois, a superioridade da Rússia no campo de batalha é inegável, não obstante esteja a enfrentar uma Ucrânia apoiada pela Organização do Tratado Atlântico Norte (NATO). Por estas alturas, torna-se inevitável concluir que a famigerada Operação Militar Especial de Putin expôs a nu as fragilidades do ocidente alargado.

Texto: Amad Canda

Com a mesma contundência com que os soldados russos invadiram a Ucrânia na madrugada daquele 24 de Fevereiro de 2022, irromperam, nas horas seguintes, vozes de destacados líderes ocidentais anunciando as maiores sanções da história contra a Rússia. As sanções levavam no anexo promessas de colocar a economia russa “de joelhos”.

“Falência da economia russa é uma questão de tempo”, chegou a afirmar, dois meses depois, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, mostrando-se convicta de que tais medidas, draconianas em toda a linha, estavam a corroer a economia da Federação, o que levaria ao desinvestimento na guerra e à consequente derrota.

A verdade, porém, vai mostrando que as profecias dos líderes ocidentais foram tiros ao lado. A Rússia está a infligir pesadas derrotas à Ucrânia e seus apoiantes da NATO, consubstanciando-se na conquista de cada vez mais território. A última grande conquista aconteceu, aliás, há algumas semanas, com a captura da cidade fortaleza de Avdiivka, reforçando o controlo sobre Donetsk, uma das quatro regiões anexadas em Setembro de 2022. As outras são Lugansk, Kherson e Zaporizhzhia.

 

Ocidente humilhado em toda a linha

Militarmente, a Rússia está muito à frente dos seus adversários da NATO, que, segundo especialistas em segurança, como o Major General português Agostinho Costa, precisariam de, no mínimo, cinco anos para atingir o estágio em que os russos se encontram actualmente. A avaliar pela facilidade com que os seus artefactos mais bem reputados – à exemplo dos tanques Leopards e Abrams – são destruídos em campo de batalho, fica difícil contestar a tese da supremacia russa.

Ademais, o ocidente, que sempre alegou que apoiaria a Ucrânia até ao fim, mostra-se exaurida e sem mais capacidade de manter a ajuda nos termos iniciais. Até mesmo os Estados Unidos da América (EUA) enfrentam dificuldades, a nível do Congresso, para aprovar mais apoios. Do Reino Unido, então, já nem se fala, o que decerto deve levar a que Volodymir Zelensky se arrependa de ter abandonado a mesa das negociações sob orientação de Boris Johnson, então primeiro-ministro britânico, em de 2022.

Mas a retumbante derrota do ocidente está longe de cingir-se à esfera militar, estendendo-se igualmente à área económica, com as sanções, entretanto reforçadas por Joe Biden na semana finda, a serem facilmente contornadas por Moscovo.

O petróleo e gás que os países da União Europeia rejeitam encontraram na China e Índia novos destinos. O lugar deixado vago pelas empresas ocidentais que abandonaram a Rússia vem sendo, paulatinamente, preenchido por investimentos nacionais, enquanto o SWIFT (Sociedade para as Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais), que a Rússia é proibida de usar, foi substituída por uma similar local. A tudo isso, junta-se o crescimento dos Brics, bloco que já conta com 13 países, e a crescente onda de desdolarização da economia.

Esta combinação de factores, associada a auto-sofrimento que os europeus se impõem por mera russofobia, catapultaram, de forma surpreendente, a Rússia para a posição de economia número um da Europa em paridade de poder de compra, destronando a Alemanha de Olaf Scholz, um chanceler cuja subserviência aos americanos não permite que lidere a Europa com o vigor de Angela Merkel.

A nível político, as coisas estão igualmente longe de correr de feição ao ocidente. Contrariando os vaticínios que apontavam para o colapso do regime russo devido a pretensa insatisfação popular, Vladimir Putin vai, muito provavelmente, eleger-se para mais um mandato já em Março.

Doutro lado da barricada, poucos estarão à vontade para afirmar que Biden derrotará Trump – caso não seja barrado pela justiça – nas eleições de Novembro.

É caso para dizer que, na guerra por procuração em curso no leste europeu, os tiros do ocidente tem estado a sair pela culatra.

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