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Sector privado queixa-se dos altos custos de produção

Apesar de melhorias nas tendências de lucro, as empresas, de forma geral, registaram uma margem de lucro negativa no País durante o segundo trimestre de 2024, devido a diversos factores. Isso aconteceu mesmo com a redução dos custos de alguns produtos, como fertilizantes e insumos, em comparação com os anos de 2022 e 2023. A informação foi partilhada recentemente pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) na sua décima quinta edição do Economic Briefing, que visava mostrar as tendências do desempenho empresarial e do ambiente macroeconómico do segundo trimestre deste ano.

Texto: Milton Zunguze

Num evento que reuniu vários parceiros de cooperação, a CTA informou que a escassez de divisas tem afectado as relações com o exterior, tornando comum o registo de constrangimentos no pagamento de facturas a fornecedores externos devido à falta de divisas no mercado interno. Isso afecta especialmente sectores que dependem de importações de commodities para a produção de produtos de primeira necessidade.

Esta dificuldade junta-se aos custos de produção, que permanecem altos, apesar da estabilidade nos preços de bens administrados, o que limita o desempenho empresarial. A alta dos custos de produção afecta principalmente os sectores da indústria e dos transportes, agravada pela degradação das vias de acesso, elevados custos de manutenção de veículos e custos logísticos.

Índice de robustez fixa-se em 31%

Para o sector empresarial do País, o Índice de Robustez Empresarial no segundo trimestre de 2024 fixou-se em 31%, um aumento de 1 ponto percentual em relação aos 30% do primeiro trimestre de 2024. Este desempenho foi contrariado pelo aumento contínuo dos custos logísticos, devido à degradação das vias de escoamento, mas favorecido pela estabilidade do preço dos combustíveis.

Apesar de uma ligeira melhoria nas tendências de lucro das empresas a nível nacional, de forma agregada, ainda se regista um “campo negativo”. Algumas empresas mostram melhorias, enquanto outras continuam a enfrentar dificuldades.

“As margens de lucro, de forma geral, continuam negativas. Houve algumas províncias que relataram melhorias, mas, de modo geral, as margens de lucro ainda se agravaram em alguns momentos,” disse Eduardo Sengo, director executivo da CTA. Ele acrescentou que, após o período de 2022 a 2023, quando houve uma aceleração dos custos das matérias-primas, em 2024, começou-se a registar um processo ligeiramente inverso, com a queda nos custos de fertilizantes e insumos, o que foi importante para as províncias dependentes da agricultura.

No que toca à cada província, Gaza registou uma margem de lucro negativa, passando de -0,01 no primeiro trimestre para -0,04 no segundo trimestre. O rácio de produtividade também caiu de 0,99 para 0,96. Este desempenho deveu-se, no sector agrário, à produção de arroz afectada por pragas e mudanças climáticas, atingindo apenas 13.015,10 toneladas das 22.358,91 previstas no plano anual.

No sector industrial, houve falta de matéria-prima devido à redução da oferta por pequenos produtores, além do aumento de 3% no custo da aquisição de farinha de trigo, num contexto em que o preço do pão se manteve. Os custos de manutenção e peças no sector de transportes aumentaram em 20%.

A província de Tete também registou um rácio de lucro negativo, com uma queda de cerca de 50%, de -0,22 para -0,11 nos dois primeiros trimestres do ano, apesar de um crescimento na produtividade de 0,12. As mudanças climáticas foram apontadas como factores que afectaram a performance desta província no sector agrário. A pesca de kapenta registou uma redução de 35% entre o segundo e o primeiro trimestre de 2024, devido ao tempo frio e à concorrência do sector informal.

O sector de turismo ressentiu-se da redução na procura por serviços, enquanto o sector industrial enfrentou um aumento de cerca de 10% nos custos operacionais, devido ao custo da energia e matéria-prima.

Nos transportes, houve um ligeiro aumento na actividade devido à maior procura no início da comercialização de milho, soja, feijão, batata reno e gergelim, mas os custos de manutenção aumentaram em 20% devido à degradação das vias de acesso. A província do Niassa apresentou um comportamento semelhante, com negatividade nos rácios de lucratividade e produtividade.

A província de Inhambane destacou- -se ao passar de um desempenho negativo para positivo durante o período em análise. O rácio de produtividade passou de -0,01 para 0,01 no segundo trimestre, enquanto a produtividade foi de 0,99 para 1,01. A redução de matéria-prima para o sector industrial, o aumento da produção e comercialização de batata reno e o aumento das receitas no sector de turismo contribuíram para estes resultados.

Quanto à tendência de emprego no País, a CTA salientou que houve uma expansão do índice de disposição a contratar, de 22,5% para 31%, no segundo trimestre.

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