É impossível vencer, superar ou encarar a repetida dor de trazer filhos ao mundo para vê-los serem mortos por dois animais – um racional e outro irracional.
Esta é uma história real que aconteceu na pacata vila fronteiriça de Ressano Garcia, com o segundo episódio a registar-se no passado Sábado, 14 de Dezembro.
A mãe que gerou quatro filhos, de entre eles um rapaz e as restantes do género feminino, com alguma razão, talvez muito forte, decidiu despir-se e ficar tal como veio ao mundo (nua) em protesto contra o assassinato bárbaro do seu filho Puko, cometido por agentes da polícia.
As imagens postas a circular nas redes sociais sugerem tratar-se de uma pessoa com problemas mentais, quando na verdade, tal doença, a existir, foi criada por um animal racional que decidiu executar o filho da senhora.
Coitado do Puko, que encontra a morte pela benevolência de procurar ajudar um outro jovem que havia sido atingido pelas mesmas balas dos assassinos que recebem salários à custa do povo.
Vou me perdendo no teor do texto para dizer que merecem o adjectivo de estúpidos. Falo dos imbecis atiradores, assim como de todo aquele comandante que tem orgulho em somar os números dos fuzilados na rua – seus estúpidos!
Refresco a minha memória para lembrar, com tristeza, e ajudar esta mãe a chorar pelo filho, sobretudo por eu ter sabido que, afinal de contas, há sensivelmente uma década, esta mesma mãe perdeu uma das suas filhas, por sinal a mais nova dos quatro, vítima de ataque de um crocodilo, junto ao rio Incomáti, quando esta ia a busca de água, um precioso líquido que o mesmo Governo que hoje mandou assassinar o seu irmão não serviu à população de Ressano Garcia. Por esta morte, também atribuo responsabilidade ao Governo.
É doloroso quando imaginamos que esta mãe perdeu dois filhos por irresponsabilidade grosseira deste Governo. Gostava de continuar a escrever, mas me faltam forças. Apetece-me, apenas, lançar o apelo para que parem de matar em Ressano. Bastam as quatro pessoas. Respeitem as lágrimas desta “mãe maluca” pelo assassinato dos seus filhos!
Seródio Towo (serodiotouo@gmail.com)