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Alcides Cintura defende “descentralização” da FACIM

Com o objectivo de reduzir os custos para as empresas de outras províncias e evitar a “ginástica” que implica deslocar-se sempre até Maputo, Alcides Cintura, presidente do Conselho Empresarial Provincial (CEP) de Manica, sugeriu, em conversa com Dossier Económico, uma “descentralização” da Feira Internacional de Maputo (FACIM). Na visão de Cintura, a FACIM deveria “rodar de região em região no País”, oferecendo mais oportunidades às empresas com menos recursos para participarem presencialmente no evento realizado na província de Maputo.

Texto: Milton Zunguze

Alcides Cintura manifestou essa opinião em entrevista ao Dossier Económico à margem da 59ª edição da FACIM, que decorreu de 26 de Agosto a 01 de Setembro, em Marracuene, província de Maputo. Segundo ele, sendo a FACIM a maior feira em solo pátrio que reúne expositores de todo o País e do estrangeiro, deveria ser itinerante, percorrendo as três grandes regiões de Moçambique. “No futuro, acho que devemos começar a realizar a FACIM em diferentes regiões”, defendeu Cintura, pois considera custoso que empresas de todo o País tenham de se deslocar sempre a Maputo.

Conforme a sua análise, esta medida poderia aliviar significativamente os custos das empresas provenientes de outras regiões. “Por que é que as empresas de Maputo não poderiam expor na região Centro ou no Norte?”, questiona.

Cintura também levanta a questão do incentivo para as empresas enfrentarem despesas tão elevadas apenas para expor, quando muitas já conseguem vender localmente. “Falar em descentralizar a FACIM faz sentido. É muito dispendioso para as empresas virem a Maputo mostrar o que já vendem nas suas regiões”, sublinhou.

O responsável ressalva que, num modelo centralizado como o actual, apenas empresas com estabilidade financeira e interesse em exportar deveriam participar. “Devem ser empresas que já tenham alguma estabilidade, que queiram exportar, com qualidade, e que tenham apoio financeiro”, disse.

Horácio Chaúque também defende rotatividade

A ideia de “descentralização” é também apoiada por Horácio Chaúque, proprietário da KHARUA, da província de Sofala, que expôs produtos do sector agropecuário. Ele sugere um modelo de escalonamento, em que “num ano, a FACIM poderia realizar- -se na região Centro e, no outro, no Norte”, proporcionando mais oportunidades às empresas de diferentes regiões.

À semelhança de Cintura, Chaúque acredita que essa medida não só aumentaria as oportunidades para os expositores, como também incentivaria o desenvolvimento das actividades económicas e elevaria o padrão dos produtos em todo o País.

Apesar de reconhecer que já existem exposições provinciais, o empresário observa que estas não têm o mesmo peso que a FACIM. “É verdade que não é a APIEX que lidera essas iniciativas, mas existe algum movimento nesse sentido”, concluiu.

Manica atrás de investimento

Recentemente, e também em conversa com Dossier Económico, Alcides Cintura já havia abordado a questão da escassez de divisas em Manica. Na ocasião, afirmou que esta foi uma das razões que o motivou a participar na FACIM de 2024, com o intuito de atrair investimento directo estrangeiro. Na sua opinião, a falta de divisas não é um problema exclusivo do Banco Central, mas sim de toda a cadeia de valor.

“O problema das divisas afecta toda a cadeia de valor. O sector privado deve produzir para exportar, e assim trazer divisas para o País. Não é apenas uma questão do Banco Central”, explicou.

Cintura destacou ainda a boa organização do sector empresarial de Manica, que se fez representar em massa na 59ª edição da FACIM. “Estamos bem articulados, tanto com a Direcção da Indústria e Comércio da nossa província, como com o Governo provincial e os empresários”, afirmou, acrescentando que Manica levou à Ricatla, região do distrito de Marracuene onde a feira acontece, uma gama de produtos que reflectem a produção local e o potencial de exportação da província.

Já em relação à recém-terminada edição deste ano, Alcides Cintura observou também uma melhoria significativa na organização, especialmente na forma como as empresas estrangeiras foram acolhidas. “Notamos que esta feira esteve mais organizada, com mais inovação, e as províncias estão bem representadas”

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