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Bissopo diz que Ossufo Momade deve aprender com erros do passado

O antigo secretário-geral da Renamo (2013-2019), Manuel Bissopo, defende que Ossufo Momade, reeleito presidente do partido no VII Congresso, que teve lugar no distrito de Alto Molocué, na província da Zambézia, deve aprender com os erros do passado de modo a trazer mudanças, melhorias e inclusão para tornar a “Perdiz” uma verdadeira alternativa política do País.

Texto: António Cumbane

Bissopo, que falava em exclusivo ao Dossiers & Factos, começou por lembrar que nos últimos cinco anos da sua governação, Ossufo Momade foi uma figura contestada, acrescentando que espera vê-lo fazer algo para alterar este cenário. “Espero que tenha feito este TPC e que neste mandato coloque o partido noutro rumo. A Renamo tem milhares de membros. Queremos que devolva a confiança a todos os que já a perderam, sobretudo nas eleições que se avizinham”, afirmou.

O também ex-deputado da Assembleia da República, ex-delegado da Renamo na cidade da Beira e delegado do mesmo partido na província de Sofala, disse mais: “Não nos conforta ver o partido beliscado. As pessoas passam, mas as organizações ficam. Tendo sido reeleito no VII congresso, esperamos mudanças. Queremos uma Renamo forte e cada vez mais a fluir”.

“A Renamo deve continuar a ser uma alternativa política saudável e credível para os moçambicanos, e para que isso aconteça o presidente reeleito deve escolher os melhores quadros para trabalhar. A bola, neste momento, está do lado dele”, apontou.

Bissopo alertou ainda que, caso se continue com a mesma filosofia de trabalho, voltada para a “letargia em tudo”, não se vai avançar nos termos em que os membros e o povo esperam. “O estatuto estabelece as competências específicas do presidente dentro do partido. Os cinco anos, como todos vimos, acabaram em contestações sobre a maneira como ele estava a dirigir os destinos do partido. Há que melhorar com os erros do passado”, lembrou.

Sobre a inclusão, Bissopo, que foi mandatário da candidatura de Elias Dhlakama, irmão de Afonso Dhlakama, disse que, tal como prometeu após ser declarado vencedor, Momade deve ser inclusivo. “Durante o mandato que terminou, se ouviu muito falar de falta de inclusão, sobretudo dos quadros do partido. Este é o tempo que ele tem para reflectir e resolver este trabalho de casa”, aconselhou.

Recorda-se que Ossufo Momade ascendeu ao poder na Renamo no congresso realizado na Serra da Gorongosa, província de Sofala, após a morte de Afonso Dhlakama, no dia 3 de Maio de 2018.

Desde então, nunca pararam as contestações à liderança de Momade. Surgiram várias alas dentro do partido, uma das quais foi a Junta Militar, outrora liderada pelo já falecido Mariano Nhongo. Este braço militar da Renamo reivindicava espaço dentro do partido e não reconhecia Momade como legítimo vencedor, alegando que ele não reunia consenso. Chegou-se a realizar uma reunião na Serra da Gorongosa, onde este grupo elegeu Mariano Nhongo como presidente da Junta Militar da Renamo. Desde então, o braço-de-ferro nunca parou. Sandura Ambrósio, antigo deputado da Renamo, assumiu o cargo de delegado provincial do partido em Sofala à força, um acto que veio a ser repelido graças à intervenção da Unidade de Intervenção Rápida, na Beira.

Actualmente, surgiu Venâncio Mondlane, que, além de ter sido assessor de Ossufo Momade, foi relator da bancada na Assembleia da República. Mondlane, que exigiu a inclusão como candidato à liderança do partido, arrastou a Renamo aos tribunais, alegando que os órgãos estavam fora de mandato. Foi aplaudido e seguido por várias correntes de opinião, mas marginalizado internamente.

Eram, lembre-se, nove os candidatos à presidência da Renamo no VII Congresso, que teve lugar na semana passada em Alto Molocué, província da Zambézia. Três, designadamente Hermínio Morais, Anselmo Victor e Juliano Picardo, desistiram da corrida na última hora em apoio ao candidato Ossufo Momade. Ivone Soares, André Magibire, Alfredo Magumisse, Elias Dhlakama, Salvador Murema e o próprio Ossufo Momade foram até ao fim, tendo Ossufo Momade sido reeleito presidente do partido com mais de 300 votos.

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