O ministro do Interior, Pascoal Ronda, reconheceu existir dificuldades financeiras para as despesas de funcionamento da Academia de Ciências Policiais (ACIPOL), o que poderá impactar de maneira negativa a segurança interna em Moçambique.
Texto: Maximiano da Luz
Falando durante a cerimónia de lançamento de quatro livros sob chancela da ACIPOL, um evento bastante concorrido que teve lugar na quinta-feira (16), na cidade de Maputo, Ronda explicou ser urgente uma aglutinação de mecanismos para evitar que seja travado o funcionamento da ACIPOL, a maior academia de formação policial do País.
O governante vincou que os problemas financeiros que actualmente se verificam na ACIPOL são a repercussão dos que estão no Ministério do Interior, que se resumem na falta de verbas para o pagamento de salários dos agentes da Polícia.
“Reconhecemos os desafios que o Ministério do Interior e, por conseguinte, a ACIPOL, enfrentam diante do momento delicado em que o País se encontra, tanto em termos de segurança como de dificuldades financeiras”, disse, tendo acrescentado ser necessário “unir esforços e buscar soluções criativas e inovadoras para enfrentar esses desafios e garantir a continuidade das actividades da ACIPOL”.
Ronda não aponta tais “soluções criativas e inovadoras” a serem introduzidos na ACIPOL para gerarem dinheiro que, à posterior, possa tapar o buraco de falta de dinheiro.
De seguida, disse que o actual momento é de reflexão e reconhecimento do esforço conjunto e do “impacto positivo que a ACIPOL tem gerado em nossa sociedade”.
“Estamos aqui para honrar o legado construído e para reafirmar nosso compromisso com a segurança e o desenvolvimento de nosso País”, afirmou.
O ministro pode estar a antever uma paralisação na formação superior dos polícias em Moçambique, à imagem do que está a acontecer com a Escola Prática de Matalane, no (EPM) distrito de Marracuene, província meridional de Maputo.
Desde 2023 que o Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) suspendeu a formação de polícias na EPM devido à falta de dinheiro para o seu funcionamento.
O comandante-geral da PRM, Bernardino Rafael, disse, na altura, que a verba gasta nas despesas foi demasiada, “mas nós pensamos que temos que atacar este pilar para, depois, atacar outros pilares”.
Rafael afirmou que, em princípio, “vamos parar por três anos e com aquilo que era para fardamento, alimentação, combustível, transporte de ida e volta dos instruendos, vamos, pedra a pedra, atacar o pilar difícil que são as infra-estruturas. Estamos a pensar de forma económica”.
O comandante-geral da PRM concluiu que não era possível formar mais de 1.000 agentes da PRM e, ao mesmo tempo, construir, comprar viaturas, equipar e modernizar os serviços.
Por isso, o foco será, agora, a construção das escolas de formação, comandos distritais, esquadras e outras infra-estruturas.
Desde que anunciou a suspensão da formação, Dossiers & Factos ainda não testemunhou nenhuma cerimónia de lançamento da primeira pedra para a construção de qualquer que seja o edifício, nem a nível do Comando-Geral da PRM, nem a nível do Ministério do Interior.
Criada há 25 anos, além da formação, a ACIPOL dedica-se também à pesquisa, extensão e inovação universitária.