Em nota pastoral, o secretariado geral da Conferência Episcopal de Moçambique começa por manifestar preocupação face àquilo que diz serem “acontecimentos alarmantes” registados ao longo do processo eleitoral, desde confrontos violentos às irregularidades na votação, contagem e justeza dos resultados eleitorais, passando pela actuação “questionável” dos que deviam garantir a ordem e segurança – forças policiais.
De seguida, os bispos católicos dirigem-se às lideranças do “partido beneficiário” da crise eleitoral, pedindo que chamem à razão os seus membros e simpatizantes para aceitarem a contestação dos resultados como parte do jogo democrático. A nota vai mais longe, ao apelar para que a viabilidade política, social e económica do País esteja acima dos “interesses partidários de uma mera vitória eleitoral questionável”.
Aos partidos que contestam os resultados, a agremiação pede que o façam de forma pacífica, seguindo os princípios consagrados na Constituição da República, e sem violência.
A nota pastoral da Conferência Episcopal, que integrou a plataforma “Mais Integridade”, mescla o tom crítico com mensagens de apelo à justiça e ao respeito pela legalidade, sublinhando, no entanto, que “não há legalidade sem verdade”.
“Apelamos aos órgãos eleitorais a rever com responsabilidade e justiça todo o processo de apuramento dos resultados que estão a ser divulgados, garantindo que tais sejam o reflexo verdadeiro dos votos depositados nas urnas e, portanto, da vontade do povo”, lê-se no documento, que considera ainda que “é nos momentos de prova que se vê a grandeza de um povo e de seus líderes”.
Moçambique, recorde-se, vive momentos de tensão desde o anúncio dos resultados parciais das eleições autárquicas, que dão vitória ao partido no poder em 64 das 65 autarquias. Como forma de contestar os resultados oficiais, a Renamo, que reivindica triunfo em nove municípios, incluindo nas cidades de Maputo e Matola, que sempre estiveram nas mãos da Frelimo, convocou manifestações à escala nacional.