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 Indústria extractiva estimula economia para além das expectativas

Em 2023, o crescimento acumulado da economia moçambicana foi de 5,01%, tendo sido influenciado por um conjunto de sectores, com ênfase para a indústria extractiva, que registou um crescimento global de 35,9%, muito por conta da produção de gás natural na Bacia do Rovuma. Descrita como positiva, a Campanha Agrícola 2022/2023 também teve uma contribuição assinalável. Os dados constam do Balanço do Plano Económico e Social 2023.

Texto: Amad Canda

Apesar das adversidades enfrentadas em 2023, a indústria extractiva moçambicana registou um crescimento global notável de 35.9%, impulsionado principalmente pela produção de gás natural na Bacia do Rovuma. Este aumento, embora significativo, ocorreu em meio a desafios como as oscilações das tendências do mercado internacional, paralisações de actividades empresariais, conflitos militares na região norte, uma estação chuvosa prolongada e o impacto do ciclone “Freddy”.

O sector de minerais metálicos apresentou uma realização de 118%, com destaque para a produção de ilmenite, ouro e concentrado de areias pesadas, que registaram um crescimento médio de 32%. A produção de ilmenite atingiu níveis notáveis, com 3.373,213.6 toneladas, representando um crescimento de 132% em comparação ao ano anterior.

No grupo de minerais não metálicos, o desempenho variou, com uma taxa de cumprimento de 63% em relação ao plano anual. O Quartzo Rosa liderou com uma taxa de realização de 224%, seguido pela Argila com 123%. No entanto, a produção de Grafite sofreu uma queda de 41% devido à fraca demanda internacional e problemas estruturais enfrentados por empresas importantes do sector.

A produção de Granito em Blocos teve um desempenho impressionante, com uma realização de 256% em relação ao plano anual. No entanto, o Rubi enfrentou dificuldades, com uma realização de apenas 38%, devido a avarias no equipamento produtivo e ataques à mina em 2022.

A produção de carvão coque registou um crescimento de 12.9%, enquanto o carvão térmico diminuiu 7.8% devido à queda dos preços internacionais e impactos das chuvas intensas na província de Tete.

Relativamente ao grupo de Hidrocarbonetos, para o gás natural, registou-se uma realização acima de 100% e um crescimento de 8%. Quanto ao gás natural liquefeito (Gás do Projecto Coral Sul-Área 4, da Bacia do Rovuma), registou uma taxa de realização de 90% em relação ao plano anual.

A baixa produção de GNL, para o projecto Coral Sul FLNG, está relacionada aos desafios operacionais enfrentados pelo operador durante o período de estabilização da infra-estrutura Coral Sul FLNG e a paragem programada das operações na infra-estrutura, efectuada pelo operador nos meses de Maio e Junho com vista a realização de manutenção de alguns equipamentos.

 

 

Contribuição do sector agrícola

A avaliação do desempenho da campanha agrícola 2022/23 é positiva, resultado dos esforços dedicados à assistência integral às famílias produtoras e à disponibilização de factores e meios de produção. Isso, apesar das adversidades enfrentadas devido aos eventos climáticos, como chuvas excessivas e a passagem do ciclone Freddy, por duas vezes, que resultaram na perda de 377.770 hectares.

Com o objectivo de restaurar a capacidade produtiva e garantir a auto-suficiência, foram distribuídos 95.700 kits de insumos de produção a um número equivalente de famílias, no âmbito do SUSTENTA – Emergência, direccionados para a 2ª época produtiva da Campanha Agrária 2022|2023.

 

Culturas Alimentares

Quanto às culturas alimentares, os dados apontam para um crescimento de 17% na produção de cereais e 28% nas leguminosas. Destaca-se a produção de 2.832,494 toneladas de milho (aumento de 19%), 256.928 toneladas de arroz (crescimento de 5%) e 567.356 toneladas de feijões (crescimento de 25%). No que diz respeito aos tubérculos, a produção atingiu 7.305,888 toneladas, com ênfase na produção de mandioca, com um aumento de cerca de 6%, resultado das acções de intensificação, especialmente na região sul do país.

Culturas de Rendimento

Quanto às culturas de rendimento, houve um aumento positivo nas áreas de produção de oleaginosas em 13% (649.474 hectares) e de hortícolas em 7% (780.443 hectares). Destaca-se o crescimento de 3% na produção de amêndoas de macadâmia e 9% na produção de caju.

 

Produção Pecuária

Em 2023, a produção de carnes registou um aumento de 4% em comparação a 2022, com destaque para a carne suína, que cresceu 10%. A produção de ovos também aumentou, totalizando 28.667,207 dúzias, em comparação com as 26.516,467 dúzias registradas no mesmo período do ano anterior.

No que diz respeito ao gado bovino, é importante destacar o crescimento de 4%, passando de 2.320,248 em 2022 para 2.406,285 em 2023. As províncias com os maiores efectivos são: Gaza (23%), Inhambane (17%), Maputo (16%), Tete (16%) e Manica (11%).

 

Produção energética cresce à boleia da HCB

Ainda de acordo com o balanço do PESOE 2024, a produção de energia eléctrica em Moçambique apresentou um crescimento de 2.4% em relação ao período homólogo de 2022, impulsionado principalmente pelo aumento na produção da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), que representou 81.3% da estrutura global.

A Hidroeléctrica de Cahora Bassa registou um crescimento de 1.9% em comparação ao mesmo período de 2022, contrariando as projecções que apontavam para uma redução na geração de energia devido a intervenções planejadas no canal de restituição e modernização dos equipamentos.

Além disso, as centrais hídricas da Electricidade de Moçambique (EDM) também contribuíram para o aumento da produção, registando um crescimento de 1.6% em comparação ao ano anterior. Esse aumento foi influenciado principalmente pela substancial melhoria na produção da central hídrica de Corumana, resultante da reabilitação da barragem de Moamba-Major, que aumentou a disponibilidade de água na barragem e, consequentemente, a geração de energia eléctrica.

Este crescimento, na produção de energia eléctrica, demonstra o contínuo investimento e desenvolvimento do sector energético em Moçambique, proporcionando maior disponibilidade de energia para impulsionar o crescimento económico e o desenvolvimento do país.

 

Manuseamento portuário cai exponencialmente

No global, foram manuseadas 63 mil toneladas métricas nos portos de Moçambique, em comparação com 56.1 mil toneladas no mesmo período do ano anterior, representando um decréscimo de 12.3%.

Uma análise detalhada dos portos revela uma redução no manuseamento de carga para o principal porto da Beira, com uma diminuição de 1.3%. Os portos secundários de Pemba e Topuito também registaram decréscimos significativos de aproximadamente 3.9% e 18.6%, respectivamente. Por outro lado, os portos de Maputo, Nacala, Nacala-a-Velha e Quelimane apresentaram crescimentos notáveis de 16.7%, 14.9%, 20.3% e 59.9%, respectivamente, em comparação ao mesmo período do ano anterior.

O desempenho positivo dos portos de Maputo, Nacala e Nacala-a-Velha pode ser atribuído ao aumento no manuseamento de combustível, trigo, fertilizantes e à crescente demanda, bem como ao desvio de carga de outros portos.

Por outro lado, o decréscimo em alguns portos foi causado pela redução na produção e manuseio de combustível e magnetite no Porto da Beira, bem como pela diminuição do número de navios no Porto de Pemba, afectando o manuseio de contentores, clínquer e grafite em sacos.

Esses dados reflectem as dinâmicas do comércio marítimo e a infra-estrutura portuária em Moçambique, fornecendo insights importantes para o planeamento e desenvolvimento futuro do sector.

 

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